Já a tartaruga marinha que ficou encalhada numa praia do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (município de Barreirinhas/MA) morreu no fim de semana, em decorrência de um quadro mais severo de pneumonia. No sábado foi feita a necropsia e ficou constatada a existência de plástico que causou lesões no estômago e intestino do animal. É um alerta para os danos que a poluição causada pelo homem pode provocar na biota marinha. Diversas espécies de tartarugas costumam se alimentar de águas-vivas e caravelas, o plástico no mar confunde-se com esse tipo de fonte alimentar do réptil e sua ingestão provoca sérios danos ao sistema digestivo dos quelônios.
Também neste último sábado (27), a analista ambiental Carolina Alvite, do CMA (Centro Mamíferos Aquáticos), atendeu à ocorrência de uma morte de peixe-boi marinho, encontrado numa barreira próxima ao povoado Porto da Roça, no município de Humberto de Campos, com um ferimento na cabeça e em adiantado estado de decomposição. Foi o terceiro peixe-boi encontrado morto em uma semana na Baía de Tubarão, no último dia 24 de setembro (quarta-feira) dois espécimes foram localizados sem vida no município de Icatu (MA). Em todos os casos há indícios de provável interação com redes de pesca.
Neste ano de 2008, cinco tartarugas-marinhas (que fazem parte da Lista Oficial de Espécies Ameaçadas de Extinção) deram entrada no CETAS/Ibama, sendo uma tartaruga-oliva, uma de pente e três verdes. Esta tartaruga que veio a óbito mais recentemente apresentava dificuldades de respiração e de natação, respirando com a boca aberta e não conseguindo mergulhar, além de uma fratura em uma das nadadeiras. Recebeu tratamento com antibiótico e fluidoterapia, para controlar a desidratação, além de alimentação com sonda. Na sexta-feira ela começou a se alimentar sozinha, mas não resistiu ao problema respiratório. A tartaruga deu entrada no CETAS na tarde do dia 22, apresentando-se muito debilitada e reagindo muito lentamente após os cuidados da médica veterinária e dos tratadores do CETAS.
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) supervisiona o programa de monitoramento que começou a ser realizado desde o dia 18 de agosto nas praias da Ilha de Farol de Santana, na Baía do Tubarão e Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. Este programa faz parte do monitoramento de biota marinha requerido pela Coordenação de Petróleo e Gás (CGPEG) do Ibama no processo de licenciamento do empreendimento das pesquisas sísmicas para a exploração do bloco BM-BAR-4 leiloado pela ANP (Agência Nacional de Petróleo) na Bacia de Barreirinhas, cuja fase de execução com o navio de sísmica está prevista para começar em dezembro de 2008.
O monitoramento de praias está sendo realizado por técnicos (biólogos e afins) e monitores (moradores locais), além de um veterinário de “stand by”, contratados pelo empreendedor, que observam se há alguma ocorrência de encalhe de mamíferos aquáticos e tartarugas marinhas, além de detectarem se existe alguma ocorrência reprodutiva de tartarugas marinhas, como ninhos e rastros para áreas de desova. Além disso, monitoram outras ocorrências na praia, como mortandade de peixes e presença de lixo nas praias. Tudo isso para observar se a atividade sísmica interferirá no ecossistema marítimo e esta interferência poderá ser observada na praia. O programa vai permitir a avaliação se a atividade sísmica está relacionada com aumento de mortandade de animais marinhos, em virtude das ondas sonoras que serão disparadas para o fundo do oceano na pesquisa para encontrar pontos de concentração de petróleo e gás natural passíveis de exploração no local.
Esse monitoramento nas praias já detectou 45 ocorrências, dentre mamíferos aquáticos, tartarugas marinhas e meros (grande peixe ósseo ameaçado de extinção que ocorre no Maranhão e é objeto de proibição de pesca). Todas as espécies de tartarugas marinhas estão na lista de animais ameaçados e o mesmo ocorre com mamíferos aquáticos como o peixe-boi marinho.
Os moradores dessas áreas estão orientados a avisar o Ibama/ICMBIO por telefone qualquer ocorrência de encalhe que encontrarem, com o animal vivo ou morto, para serem tomadas as providências cabíveis.
Características da tartaruga verde (Chelonia mydas): É uma tartaruga marinha distribuída por todos os oceanos, nas zonas de águas tropicais e subtropicais. O nome tartaruga-verde deve-se à coloração esverdeada da sua gordura corporal.
As tartarugas-verdes crescem, em média, até 120 cm de comprimento curvilíneo de carapaça e pesam 160 kg em média, podendo atingir até 300 kg. É uma espécie inteiramente marinha, sem contatos com a terra, a não ser as fêmeas que põem os ovos nas praias.
A espécie encontra-se na Lista Oficial de Espécies Ameaçadas de Extinção devido a um longo período de caça intensa devido à sua carne, couro e casca. A tartaruga-verde habitualmente se encontra em águas costeiras com muita vegetação (áreas de forrageio), ilhas ou baías onde estão protegidas. (Fonte: Ibama)