Usando raios X vindos do espaço para estudar a formação dos aglomerados, astrônomos encontraram evidências que apóiam a idéia de que uma energia escura opera no universo, opondo-se à gravidade. Isso significa, ainda, que a Teoria da Relatividade Geral proposta por Albert Einstein há quase 100 anos passou por mais uma prova no mundo real.
O pesquisador Alexey Vikhlinin, usou o observatório orbital de raios X Chandra, da Nasa, para descobrir que a energia escura impede que os aglomerados de galáxias – com cerca de mil galáxias ou mais – cresçam excessivamente.
Sem a energia escura para se opor à gravidade, os aglomerados continuariam a acumular mais e mais galáxias, tornando-se cada vez maiores e mais densos. Mas isso não aconteceu nos últimos bilhões de anos, disse Vikhlinin, do Observatório Astronômico Harvard Smithsonian.
Ele estudou a formação de 86 desses aglomerados e viu que a desaceleração do ganho de matéria teve início há cerca de 5,5 bilhões de anos. A causa provável: energia escura.
Especialistas que não tomaram parte no estudo elogiaram o trabalho, que será publicado na edição de fevereiro do Astrophysical Journal, como importante para a compreensão de um conceito que é crucial para que se possa entender a evolução do Universo.
A energia escura é uma idéia relativamente nova, que foi adotada há uma década, quando observações de estrelas distantes mostraram que o Universo expandia-se a uma taxa acelerada – o que surpreendeu os cientistas.
Uma hipótese para explicar o fenômeno parte de uma idéia sugerida originalmente por Einstein, de que haveria uma força no Universo que se opõe à gravidade. A descoberta dos efeitos da energia escura em aglomerados de galáxias é a primeira confirmação dessa possibilidade obtida de forma independente da aceleração das estrelas distantes.
À medida que o Universo se expande por conta do impulso da energia escura, os aglomerados vão se afastar cada vez mais. Dentro de algumas dezenas de bilhões de anos, eles sumirão de vista, disse Vikhlinin. “Em algum momento, ficaremos sem nada para observar”. (Fonte: Estadão Online)