Expressões faciais de emoção são genéticas, diz estudo

Um estudo conduzido por pesquisadores americanos sugere que as expressões faciais utilizadas para demonstrar emoções são inatas ao ser humano, e não aprendidas ao longo da vida.

Os especialistas da Universidade Estadual de San Francisco chegaram à conclusão ao comparar 4.800 fotografias de atletas de judô cegos e com visão normal durante cerimônias de entrega de medalhas nas Olimpíadas de 2004 e nos Jogos Paraolímpicos.

Segundo os pesquisadores, tantos os atletas com deficiência visual quanto os de visão normal exibiram as mesmas expressões faciais ao chegar em primeiro lugar. Expressões faciais bastante similares também foram observadas entre os que perderam as competições.

O estudo é o primeiro desse tipo a demonstrar que cegos e pessoas com a visão perfeita usam as mesmas expressões faciais, produzindo os mesmos movimentos musculares em resposta a estímulos emocionais.

O estudo também fornece uma nova visão sobre como humanos lidam com exposições emocionais de acordo com o contexto social, sugerindo que a habilidade para regular expressões emocionais não é aprendida através da observação.

Durante a pesquisa, os rostos dos atletas que ganharam medalhas de ouro e prata foram examinados.

Enquanto os vencedores mostravam freqüentemente uma alegria natural com a vitória, os que ficaram em segundo lugar curvavam o lábio inferior para cima ou produziam um “sorriso social”, que envolve apenas um movimento da boca indicando mais superficialidade do que espontaneidade.

Devido ao caráter público da cerimônia de entrega de medalhas olímpicas, 85% dos ganhadores de medalhas de prata mostraram “sorrisos sociais” durante a cerimônia.

Os “sorrisos sociais” usam somente os músculos ao redor da boca, enquanto o sorriso verdadeiro faz com que os olhos brilhem e que as bochechas se elevem.

“Isto sugere que algo genético é a fonte das expressões faciais de emoção”, disse o autor do estudo, professor Matsumoto.

“Dado que os indivíduos cegos de nascença não podem ter aprendido os comportamentos em momentos de orgulho ou olhando os outros, suas expressões de vitória ou derrota provavelmente seriam uma propensão biológica inata nos humanos, mais que uma conduta aprendida”, disse Jessica Tracy, da Universidade de Colúmbia Británica.

Tracy e seu colaborador, David Matsumoto, da Universidade Estadual de San Francisco, publicaram inicialmente seu estudo das expressões de atletas cegos e não cegos em agosto na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

“A correlação entre as expressões faciais dos indivíduos de visão perfeita e as dos deficientes foi quase perfeita”.

Ainda segundo Matsumoto, o “sorriso social” ou a curvatura dos lábios para demonstrar emoções negativas pode ter sido um mecanismo desenvolvido pelos humanos ao logo da evolução para evitar gritos, ataques corporais e xingamentos.

“Os indivíduos que são cegos de nascença não podem ter aprendido a controlar suas emoções desta forma de maneira visual, portanto deve haver outro mecanismo”, acrescentou.

“A correlação estatística entre as expressões faciais dos indivíduos que podem ver e os que são cegos foi quase perfeita”, disse o pesquisador. “Isto sugere que algo que reside em nossos genes é a fonte das expressões faciais de emoção”.

“Talvez nossas emoções e os sistemas que as regulam sejam vestígios de nossos ancestrais”, afirmou o investigador.

“É possível que, em resposta às emoções negativas, os humanos tenham desenvolvido um sistema que fecha a boca de modo que não possam gritar, morder ou lançar insultos”, destacou.

A pesquisa foi divulgada na publicação especialzada Journal of Personality and Social Psychology study. (Fonte: Estadão Online)