O programa, porém, peca em dois pontos: só fiscaliza carros fabricados de 2003 a 2008 e não vistoria itens básicos de segurança, como lanternas, setas, pneus, freio de estacionamento e limpador de para-brisa – checagens feitas no Rio de Janeiro, que obedece ao artigo 104 do Código Brasileiro de Trânsito.
Em comunicado à Folha, a Secretaria Municipal de Verde e Meio Ambiente afirma que pretende incluir, no próximo ano, os carros fabricados antes de 2003 e que aumentará de 7 para 16 os postos de vistoria. Além disso, a secretaria diz aguardar a regulamentação do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) para começar a inspeção de itens de segurança.
“O início da inspeção veicular em São Paulo é positivo. Buenos Aires, por exemplo, já limita a emissão de gases tóxicos dos carros há quase uma década”, compara Eduardo Rosin, executivo da Controlar, empresa responsável pelas vistorias na capital paulista.
Para Eduardo Campos, gerente comercial da Magneti Marelli, se todos os carros fossem minuciosamente fiscalizados, cerca de 40% seriam reprovados na inspeção. Segundo a Controlar, nesta primeira semana, só 69 dos 2.817 carros estavam irregulares (2,5%). Por outro lado, a prefeitura paulistana restitui a tarifa de inspeção (R$ 52,73), o que não acontece no Rio de Janeiro.
A vistoria em São Paulo também está movimentando as oficinas particulares que simulam a inspeção obrigatória.
Leva-e-traz – A simulação, que demora 30 minutos e custa R$ 50, faz uma análise de itens do motor e confere o nível de emissões. “Em ordem, o risco de o carro ser reprovado pela Controlar é quase nulo”, diz César Samos, gerente da Mecânica do Gato.
Precavido, o industrial Marcello Antônio Oliani, 32, levou o seu Toyota Corolla 2005 a uma oficina antes de enfrentar a inspeção obrigatória. “Se o meu carro fosse reprovado, teria de repetir todo o processo de agendamento e de vistoria”, conta Oliani.
Algumas oficinas ainda agendam a inspeção, pagam a taxa e levam o carro à Controlar. O serviço custa cerca de R$ 150. “Deve ser feito junto com a revisão”, conta o mecânico Josmar Boschetti Júnior, da oficina que leva seu nome.
Segundo Mário Márcio Tommey, chefe de assistência técnica da Bosch, o consumidor deve procurar um centro automotivo que siga os padrões técnicos da vistoria oficial. E cuidado: “Combustível de má qualidade também pode aumentar as emissões e reprovar o carro na vistoria”, alerta Tommey. (Fonte: Felipe Nóbrega/ Folha Online)