Ao todo, foram feitos em dez anos 45.955 transplantes de órgãos no país. Apesar do avanço, o Brasil está longe de atender a todos os que precisam de um novo órgão. A cada ano, a lista de espera aumenta. São quase 69 mil pessoas na fila. Em 2001, já eram mais de 43,5 mil.
De acordo com o vice-presidente da ABTO, o cirurgião Ben-Hur Ferraz Neto, o aumento da fila ocorre porque a cada ano mais pessoas buscam o tratamento por meio de transplantes.
“O Brasil é vítima do próprio sucesso. Há dez anos, o sistema não era tão desenvolvido como é hoje. Por isso há uma procura e uma indicação maior por esse serviço.”
Para o presidente da ONG Adote do Rio, Rafael Paim Cunha Santos, estudos mostram que essa tendência ocorre porque a velocidade de crescimento da lista –que, além dos atuais pacientes, recebe novas inscrições a cada dia– é maior do que a de transplantes.
Paim, no entanto, diz que há uma evolução. “Não digo que já se possa comemorar, mas toda evolução é bem vista. Se a gente comparar com o que acontece em outros países que incentivam a doação, no entanto, o Brasil ainda está longe”, afirma.
“A média de doadores por milhão chega a ser cinco vezes maior em um país como a Espanha. Há muito espaço para melhorar”, diz. Entre os problemas atuais, ele destaca a subnotificação dos casos de morte encefálica e a ausência de neurologistas nos hospitais.
Em 2008, a taxa de doações, segundo a ABTO, cresceu 15%. O número de doadores por milhão de habitantes chegou a 7,2. A meta, para este ano, é elevar o índice para 8,5.
Segundo a ABTO, enquanto no Piauí há 0,3 doador por milhão de habitantes, em Santa Catarina o índice chega a 16,7 – é a primeira vez em que um Estado consegue superar o índice de 15 doadores por milhão.
A maioria dos transplantes realizados no país é de rim. Foram 3.780 em 2008 – um recorde. Há, porém, cerca de 34 mil à espera de um rim hoje. Os transplantes de córnea também ultrapassaram a marca de 2.000 (mas são hoje 26 mil pessoas na fila).
No final do ano passado, o Ministério da Saúde anunciou um pacote para aumentar ainda mais o número de transplantes e aperfeiçoar o sistema no país. O cadastro de pacientes pela internet e o acompanhamento do andamento da fila pela rede foram algumas das medidas divulgadas. (Fonte: Folha Online)