Comparando a ocorrência de focos de fogo dentro e fora de reservas, os cientistas mostraram que a criação dessas áreas tem impacto positivo na conservação de florestas mesmo quando as unidades de conservação ficam só “no papel”, com estrutura de vigilância ruim.
Um estudo de 2006, liderado pelo ecólogo Daniel Nepstad, do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) já apontava para a eficiência dos parques e principalmente das terras indígenas para a proteção da floresta.
“O que nós queríamos analisar era se, quando uma estrada é aberta cortando uma reserva, ainda assim os focos de incêndio continuam reduzidos”, disse à Folha Marion Adeney, ecóloga coautora do estudo. “Queríamos saber se as reservas ficam protegidas de fogo e desmatamento só porque elas não têm estradas.”
Uma análise detalhada dos dados do mostrou que isso não é verdade. Mesmo levando em conta a presença de estradas e o grau de isolamento das unidades de conservação, a força da lei por si só já parece ter um efeito. Os resultados obtidos pelo grupo estão em estudo publicado na revista “PLoS One”.
“O fato de haver algum status legal (de conservação) pode desencorajar as pessoas a praticarem atividades ilegais dentro da reserva, em comparação com uma área que não tem proteção nenhuma”, diz Adeney. Segundo a pesquisadora, decretos que criam reservas podem desestimular grileiros, por exemplo, mas a implementação da reserva é crucial.
A cientista afirma que uma política de conservação bem planejada e aparelhada será crucial, por exemplo, no projeto de pavimentação da BR-319, que liga Porto Velho a Manaus. “É um passo muito importante criar unidades de conservação nessa área, mas concordo com pessoas que dizem que essas reservas precisam de uma capacidade de vigilância e outras medidas”, diz. (Fonte: Rafael Garcia/ Folha Online)