Reserva Particular do Patrimônio Natural no Pantanal vira sítio Ramsar

Uma das paisagens naturais mais conhecida dos brasileiros acaba de ser reconhecida como ecossistema de área úmida de importância internacional para a manutenção da diversidade de espécies e o bem-estar das populações humanas. A Fazenda Rio Negro, que foi cenário da novela Pantanal e desde 2001 é uma Reserva Particular do Patrimônio Natural, recebeu na terça-feira (26) o título de Sítio Ramsar. É o 9º do Brasil e o de número 1864 em todo o mundo.

Com sete mil hectares no Mato Grosso do Sul, a RPPN Fazenda Rio Negro pertence à ONG Conservação Internacional e integra o Corredor da Biodiversidade Cerrado-Pantanal. Cenário de rara beleza, pontuado por centenas de lagoas, a área abriga matas ciliares, praias, cordilheiras, baías, salinas e campos sujos onde já foram catalogadas 243 espécies de plantas e avistadas mais de 500 espécies de animais, dos quais 36 sob ameaça de extinção (na lista do MMA) como a arara-azul, o tatu-canastra, o cachorro-vinagre e o cervo-do-pantanal. A Reserva é utilizada para ecoturismo (a antiga sede da fazenda foi transformada em hotel) e para pesquisa de campo de instituições acadêmicas.

Além de fortalecer institucionalmente a RPPN – que passa a ter a chancela de um acordo internacional – o título de Sítio Ramsar facilitará o intercâmbio técnico-científico com outras experiências de conservação de biodiversidade e uso sustentável de áreas úmidas do Planeta e permitirá acesso às linhas de financiamento da Convenção: o Fundo de Pequenas Subvenções (Ramsar Small Grants Fund) e o Fundo Zonas Úmidas para o Futuro (Wetlands for the Future Fund), cujos recursos podem ser solicitados para financiar a implementação de projetos de conservação e uso sustentável.

A entrega do título foi feita pela conselheira da Convenção Ramsar para as Américas, Maria Ramirez, e a secretária de Biodiversidade e Florestas, Maria Cecília Wey de Brito, na abertura da 4ª Reunião Ordinária do Comitê Nacional de Zonas Úmidas, coordenado pela SBF do MMA e integrado por representantes dos ministérios da Agricultura e das Relações Exteriores, do ICMBio, do Ibama, da Funai, da Embrapa, de ONGs e de instituições acadêmicas.

Na saudação de abertura do evento, a secretária Maria Cecília pediu a atenção dos participantes ao atual momento político do País, onde a legislação ambiental está sendo colocada em xeque por “leituras equivocadas, que não ajudam a termos um bom desenvolvimento, um desenvolvimento sustentável”. A secretária pediu que, sem desviar o foco da reunião, os participantes do Comitê incluíssem o tema na sua pauta de preocupações e debates. “Não podemos olhar a árvore e esquecer a floresta”, alertou Maria Cecília conclamando a que todos se mobilizassem para conter, “com articulação dos vários parceiros e com debates de alto nível”, esse movimento que ameaça a política ambiental brasileira. (Fonte: MMA)