Com sete mil hectares no Mato Grosso do Sul, a RPPN Fazenda Rio Negro pertence à ONG Conservação Internacional e integra o Corredor da Biodiversidade Cerrado-Pantanal. Cenário de rara beleza, pontuado por centenas de lagoas, a área abriga matas ciliares, praias, cordilheiras, baías, salinas e campos sujos onde já foram catalogadas 243 espécies de plantas e avistadas mais de 500 espécies de animais, dos quais 36 sob ameaça de extinção (na lista do MMA) como a arara-azul, o tatu-canastra, o cachorro-vinagre e o cervo-do-pantanal. A Reserva é utilizada para ecoturismo (a antiga sede da fazenda foi transformada em hotel) e para pesquisa de campo de instituições acadêmicas.
Além de fortalecer institucionalmente a RPPN – que passa a ter a chancela de um acordo internacional – o título de Sítio Ramsar facilitará o intercâmbio técnico-científico com outras experiências de conservação de biodiversidade e uso sustentável de áreas úmidas do Planeta e permitirá acesso às linhas de financiamento da Convenção: o Fundo de Pequenas Subvenções (Ramsar Small Grants Fund) e o Fundo Zonas Úmidas para o Futuro (Wetlands for the Future Fund), cujos recursos podem ser solicitados para financiar a implementação de projetos de conservação e uso sustentável.
A entrega do título foi feita pela conselheira da Convenção Ramsar para as Américas, Maria Ramirez, e a secretária de Biodiversidade e Florestas, Maria Cecília Wey de Brito, na abertura da 4ª Reunião Ordinária do Comitê Nacional de Zonas Úmidas, coordenado pela SBF do MMA e integrado por representantes dos ministérios da Agricultura e das Relações Exteriores, do ICMBio, do Ibama, da Funai, da Embrapa, de ONGs e de instituições acadêmicas.
Na saudação de abertura do evento, a secretária Maria Cecília pediu a atenção dos participantes ao atual momento político do País, onde a legislação ambiental está sendo colocada em xeque por “leituras equivocadas, que não ajudam a termos um bom desenvolvimento, um desenvolvimento sustentável”. A secretária pediu que, sem desviar o foco da reunião, os participantes do Comitê incluíssem o tema na sua pauta de preocupações e debates. “Não podemos olhar a árvore e esquecer a floresta”, alertou Maria Cecília conclamando a que todos se mobilizassem para conter, “com articulação dos vários parceiros e com debates de alto nível”, esse movimento que ameaça a política ambiental brasileira. (Fonte: MMA)