Três redes de supermercados de âmbito nacional – Pão de Açúcar, Carrefour e Wal-Mart – decidiram suspender, desde a semana passada, a compra de carne de onze frigoríficos localizados em áreas apontadas como de desmatamento na região amazônica. Segundo nota conjunta, os três grupos repudiam atos contrários à lei e que causem danos ao meio ambiente.
“Como medida adicional, as três redes solicitarão, ainda, um plano de auditoria independente e de reconhecimento internacional que assegure que os produtos que comercializam não são procedentes de áreas de devastação da Amazônia”, informa o comunicado conjunto das três redes.
As três empresas informam que não “adquirem mercadorias que não foram inspecionadas e liberadas pelo Serviço de Inspeção Federal (S.I.F.), órgão do Ministério da Agricultura, e que não estejam acompanhadas da respectiva Guia de Trânsito Animal (G.T.A.) de validade e arquivada nas Indústrias Fornecedoras de Carne Bovina”, informa a nota.
Os três varejistas, além de outras 68 empresas revendedoras de derivados do boi e fabricantes que utilizam o boi como matéria-prima para seus produtos, foram notificados pelo Ministério Público Federal (MPF) no Pará e alertados a evitarem a venda de produtos que tenham origem nas áreas apontadas pelo Greenpeace em seu estudo A Farra do Boi na Amazônia, divulgado há duas semanas.
Segundo a assessoria de imprensa do MPF, as notificações fazem parte das ações realizadas para “desmanchar a cadeia produtiva que lucra com a devastação ambiental”. O MPF informou ainda que foram propostas 21 ações que pedem o pagamento de R$ 2,1 bilhões em indenizações por danos ambientais à sociedade brasileira.
Ao mesmo tempo a International Finance Corporation (IFC), ligada ao Banco Mundial, anunciou que cortou o financiamento de R$ 90 milhões ao grupo Bertin, o maior frigorífico do país e apontado como um dos responsáveis por ações que contribuem para a devastação na Amazônia.
Entretanto, segundo informações da porta-voz da IFC no Brasil, Karina Manasseh, o acordo para suspender a parceria foi firmado na primeira semana de maio, sem nenhuma influência do relatório do Greenpeace. A divulgação só aconteceu na semana passada porque foi nesse período que a diretoria da IFC foi comunicada sobre o fim da parceria.
“A IFC está comprometida com a sustentabilidade no setor de carne na região e vai continuar atuando junto a um grupo diverso de partes interessadas a fim de desenvolver incentivos de mercado visando a melhoria de padrões sociais e ambientais e o auxílio de soluções baseadas em mercado para responder aos desafios do setor. A IFC continua comprometida em promover a sustentabilidade no setor de carne bovina do Brasil e continuará a trabalhar com o Grupo de Trabalho da Pecuária”, afirmou Karina Manasseh. (Fonte: Flávia Albuquerque/ Agência Brasil)