O título foi dado a Raimunda Gomes da Silva na última quinta-feira (25), em uma cerimônia no Centro Universitário Integrado de Ciência, Cultura e Arte, em Palmas. A quebradeira de cocos, que completou 70 anos há poucos dias, é uma das lideranças mais respeitadas na Amazônia por causa de sua luta na questão agrária na região.
Dona Raimunda dos Cocos, como é conhecida, também é responsável pela mobilização das mulheres da região do Bico do Papagaio na busca por melhores condições de vida. Por isso, ela disse que a homenagem se estende a todas as quebradeiras de coco e trabalhadoras rurais.
“É um reconhecimento para todas as minhas companheiras, graças a Deus! Eu estou pegando esse reconhecimento por causa delas, porque tenho um trabalho junto com elas e elas junto comigo. Eu aprendo com elas e elas aprendem comigo”.
Dona Raimunda contou que ficou muito emocionada em receber o prêmio. “Primeiro porque você sente o amor que o pessoal tem pela gente, e dá fé da luta que a gente faz e valoriza, segundo porque quebrou um tabu, da quebradeira de coco pegar um diploma de doutor, na presença de muita gente, dado por uma universidade federal de nosso país.”
O reitor da Universidade Federal do Tocantins, Alan Barbiero, chegou a brincar com Dona Raimunda, dizendo que agora ela deveria ser chamada de Doutora Raimunda. Ele falou também sobre a importância de o prêmio ter sido dado à líder na mesma cerimônia em que o sociólogo francês Edgar Morin, considerado um dos pensadores mais importantes dos séculos 20 e 21, recebeu o título.
“O que mais nos impressionou é porque ela nasceu em Bacabal, ele nasceu em Paris, ela teve a sua formação intelectual baseada na teologia da libertação, lendo a Bíblia, na prática do dia a dia, o Edgar Morin foi nos filósofos clássicos da Europa. Então são duas pessoas que vêm de universos totalmente distintos, mas o mais fantástico é que ambos falam a mesma coisa sobre o mundo. O que a Dona Raimunda falou sobre a compreensão e o relacionamento entre os povos foi exatamente o que Edgar Morin falou com suas teorias.”
Barbiero afirmou que o prêmio recebido por Dona Raimunda e Edgar Morin é a maior honraria dada por uma instituição universitária a um trabalho desenvolvido. (Fonte: Juliana Maya/ Rádio Nacional da Amazônia)