O ideal é observar se há ganho de peso que coincide com o início do uso do remédio e comentar com o médico. Em alguns casos, é possível trocar a droga por outra menos danosa ou tratar o efeito colateral.
“Recomenda-se desde o controle da alimentação até o uso de remédios, sempre com orientação médica. Infelizmente, os pacientes só buscam um especialista após terem engordado muito”, diz Coutinho.
Os corticoides, drogas de ação anti-inflamatória, têm na lista de seus efeitos colaterais o favorecimento do acúmulo de gordura. Quando ingeridos, provocam no organismo efeitos semelhantes aos do cortisol.
A estudante de direito Daniela Gomez, 20, precisou tratar uma doença autoimune no sistema nervoso com esse tipo de remédio. De dezembro do ano passado até o início de julho, havia adquirido 20 quilos – recuperou os nove que perdeu durante uma internação anterior e ganhou mais 11.
“Fui avisada de que os remédios alteravam o metabolismo, mas não achei que seria tanto. Sempre estive um pouquinho acima do peso ideal e conseguia controlar com a alimentação.”
No início, sentiu o apetite aumentar muito -um dos conhecidos efeitos do cortisol- e comia o dia inteiro. Depois, tentou se controlar, mas não conseguia perder peso.
No último dia 10, encerrou o tratamento com o corticoide e, desde então, perdeu três quilos.
Outras causas – A baixa ingestão de cálcio também tem sido relacionada ao maior acúmulo de gordura corporal. Alguns estudos sugerem que esse mineral é importante no processo de quebra de gordura e que, na sua falta, há acúmulo de tecido gorduroso.
No entanto, não adianta tomar suplementos de cálcio com a intenção de emagrecer. As pesquisas mostram que o cálcio da dieta (presente em leites e derivados, por exemplo) é mais importante nas reações químicas que envolvem a queima de gordura. O indicado é atingir a recomendação de 1.000 mg diários do nutriente.
Maria Tereza Zanella pondera que as associações encontradas podem ocorrer por uma intolerância à lactose mais frequente em obesos (daí a falta de cálcio no organismo). Dados preliminares de um estudo da Unifesp com 45 pacientes mostram que obesos mórbidos são mais intolerantes à lactose.
Outra questão que pode contribuir para o ganho de peso é passar a maior parte do dia dentro do escritório. O problema está nas chamadas “zonas termoneutras”, áreas com temperatura estável o ano todo à custa de ar condicionado. Elas não permitem que as pessoas sintam frio durante o inverno, situação que acelera o metabolismo. “E no verão, quando as pessoas tendem a comer menos por causa do calor, quem fica no ar condicionado acaba consumindo a mesma quantidade de comida”, analisa Alfredo Halpern, do Hospital das Clínicas de SP. (Fonte: Jullianne Silveira/ Folha Online)