Um dos hábitos mais comuns no estado do Rio Grande do Sul pode contribuir para o contágio do vírus da nova gripe. Segundo especialistas da universidade federal do estado (UFRGS), ao dividir o chimarrão na tradicional “roda de gaúchos” o vírus pode passar de uma pessoa a outra.
Até sexta-feira (31), o estado registrou 29 mortes em decorrência da doença.
A Secretaria Municipal de Saúde de Itaqui (RS) já fez o alerta para a população evitar dividir a tradicional cuia. Itaqui, que fica em região de fronteira, é uma das cidades que entrou em situação de emergência devido à nova gripe.
“Qualquer coisa que passe de boca em boca pode facilitar o contágio de uma gripe ou outra doença que seja transmitida pelo contato direto”, diz ao G1 o professor Cláudio Vageck Canal, da UFRGS. Apesar de ser preparado com água quente, a temperatura da água não chega à fervura e portanto não é suficiente para matar o vírus.
Outro mito explicado por Canal diz respeito às bombas usadas para tomar o chimarrão. “Há quem diga que a bomba com bico de ouro ou prata impede o contágio, mas não há nada oficial sobre isso”, afirma.
A Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul orienta que pessoas doentes, seja com gripe comum, a nova gripe ou outra doença, não participem de rodas de chimarrão ou que não dividam cuias e bombas para evitar o contágio.
Tradição guarani – O hábito de tomar o mate, conhecido como chimarrão, teve origem entre os guaranis, que secavam as folhas do arbusto e a moíam em um pilão até transformar em pó. O professor Cesar Augusto Barcellos Guazzelli, do departamento de história da UFRGS, conta que além do Rio Grande do Sul, países como a Argentina e o Paraguai também consomem chimarrão, cada um a seu modo.
“No Brasil, no período colonial, o hábito de tomar chimarrão foi condenado pelos jesuítas, que achavam que a bebida era afrodisíaca. Com o tempo eles passaram a aceitar e concluíram que não tinha efeito”, diz Guazzelli. O professor explica, no entanto, que a bebida tem grande quantidade de uma forma de cafeína, ou seja, é usado em situações de vigília para manter as pessoas acordadas.
O chimarrão pode ser tomado de três maneiras: amargo, doce (com açúcar) ou com leite morno. “É um hábito muito comum na população do campo e sinal de pobreza para quem não tem dinheiro para comprar erva para o mate. Na cidade, esse também é um hábito compartilhado por todos, em rodas de amigos, inclusive.” (Fonte: G1)