Horner, paleontólogo da Universidade do Estado de Montana (EUA), detalha o plano no livro “How to Build a Dinosaur” (“Como Construir um Dinossauro”), publicado neste ano nos Estados Unidos.
Não vai ser preciso obter o genoma dos répteis extintos, porque esse material já está à mão, nos milhões de embriões de galinha gerados mundo afora. Elas, e todas as aves modernas, não passam de uma linhagem de dinossauros bípedes que resistiram à extinção.
“Os genes envolvidos na formação de dentes, na construção dos dedos e em outros detalhes da anatomia dos dinossauros ainda existem no genoma das aves, mas foram silenciados”, explica a paleontóloga Mary Higby Schweitzer, colaboradora de Horner que trabalha na Universidade do Estado da Carolina do Norte. “É possível identificar esses genes em galinhas e “ligar” alguns dos que foram silenciados? Sim.”
Da asa ao rabo – Com base nesse raciocínio, Horner propõe duas modificações-chave para fazer um “galinhassauro” caminhar sobre a Terra. Basta transformar os ossos que hoje formam as asas em membros anteriores e fazer com que o bicho volte a ter uma cauda (de ossos e músculos, não de penas) para que o parentesco ancestral entre dinos e aves fique muito mais evidente.
A possibilidade é real porque o esqueleto de todos os vertebrados foi “construído” pela evolução com a ajuda de uma longa sucessão de gambiarras. As asas de uma ave, as patas de um dinossauro e as mãos de uma pessoa usam a mesma matéria-prima para desempenhar funções diferentes.
“Dá para ver que algo muito parecido com uma cauda de dinossauro cresce bastante no embrião de galinha, até que ela se detém. O que sobra é um toquinho de cauda, o pigostilo, que não passa de um amontoado de ossos cujo desenvolvimento foi redirecionado”, exemplifica Horner no livro.
As dificuldades técnicas ainda são muitas, mas o paleontólogo aposta que não se trata mais de uma questão de “se”, mas de “quando” o bicho vai se tornar real. (Fonte: Reinaldo José Lopes/ Folha de São Paulo)