O país tem hoje cerca de 2,6 mil escolas para uma população de mais de 200 mil indígenas. Dos 12 mil professores de áreas indígenas, 36% pertencem às comunidades. Segundo Baniwa, a maioria dos docentes precisa de aperfeiçoamento adequado para compreender e implementar características interculturais.
O especialista lembra que, há alguns anos, os professores davam aulas em português para um público que preferia falar a língua nativa e esse era um dos motivos para que os alunos não conseguissem aprender. Ele afirma que os educadores, em vista da realidade cultural desse público, têm que primeiro educá-los na sua língua para depois então alfabetizá-los na língua portuguesa.
Baniwa acredita que a realização da 1ª Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena (Coneei), que teve início na segunda-feira (16), em Luziânia (GO), é um marco histórico uma vez que discutirá as reivindicações das comunidades – que já fizeram 18 conferências regionais para pautar seus interesses na área de educação. O evento reunirá especialistas, educadores e comunidades indígenas de todo o país e se estenderá até a sexta-feira (20), com a presença de 600 delegados, que representam 210 povos.
O trabalho direcionado aos índios é feito pelo MEC com apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai). A educação indígena, hoje, segundo o professor, abandonou a visão integracionista do passado e procura dar foco na valorização das culturas.
Segundo Baniwa, já foi possível avançar significativamente na qualidade do material didático específico, entretanto, é preciso “melhorar mais pois os avanços dos últimos dez anos vêm em contraponto a centenas de anos em que os índios não contavam com apoio educacional”. O fornecimento de material didático específico para indígenas é uma das grandes reivindicações dos povos tradicionais.
O coordenador destacou que o ministro da Educação, Fernando Haddad, está organizando um programa que pretende levar educação volante, em barcos, para populações nômades que se deslocam de suas aldeias sazonalmente, procurando sustento de acordo com a propensão de cada lugar ao longo do ano. A ideia é construir barcos que atendam às populações que se dedicam ao extrativismo da castanha, da piaçava ou que mudam de local quando os rios estão cheios. (Fonte: Lourenço Canuto/ Agência Brasil)