A cifra milionária deve sair entre o final deste ano e o começo do ano que vem, a partir do pacote de estímulo econômico da administração Obama.
Outras 96 solicitações científicas para estudos estão sendo avaliadas – sendo que 20 delas terão resposta na próxima sexta-feira (4). Cientistas também já indicaram que vão submeter à aprovação outras 250 pesquisas.
“O meio (científico) está esperando ansiosamente por este anúncio” disse George Daley, do Hospital Infantil de Boston, cujo laboratório criou 11 das linhas de pesquisa recém-aprovadas. Ele tem cerca de cem frascos de células de cada lote já embalados, prontos para serem enviados a pesquisadores de todo o país.
“É uma mudança real no panorama”, disse o diretor do NIH, Francis Collins. “É o primeiro investimento no que virá a ser uma lista muito longa, que vai dar poder à comunidade científica para explorar o potencial da pesquisa com células-tronco embrionárias.”
De acordo com o jornal “Washington Post”, o movimento foi aclamado por todos os apoiadores da pesquisa como uma longa espera, um divisor de águas que finalmente permitirá que cientistas usem milhões de dólares arrecadados pelos impostos para estudar centenas de linhas de células-tronco – algo que foi limitado e restrito pelo antecessor de Obama, George W. Bush, cujo impedimento se sustentou sob o argumento moral.
“Era isso o que estávamos esperando”, disse a cientista Amy Comstock Rick, da Coalizão para Avanço da Pesquisa Médica, grupo que lidera os esforços de lobby para desamarrar as restrições federais na pesquisa. “Estamos muito animados.”
Na era Bush, a verba federal para cientistas era limitada para determinadas linhas de pesquisa com células-tronco, que foram muito criticadas como improdutivas e deficientes. As regras de financiamento na separação de financiamento público e privado foram erigidas de forma “burocrática e desajeitada”, diz o jornal – o que acabava por frustrar diversas formas de verba.
Agora, embora as pesquisas com células-tronco embrionárias poderão ser elaboradas a partir de financiamento privado e público, que permitirão experimentos em uma variedade de linhas, expandindo o número de cientistas e tipos de experimentos.
Reação moral – O anúncio, entretanto, foi condenado por opositores das pesquisas, cujo argumento principal se fundamenta na falta de ética e no suposto fato de que o trabalho é desnecessário, porque há disponibilidade de células-tronco adultas e outras alternativas recentemente identificadas.
“Eticamente, nós não acreditamos que qualquer contribuinte de impostos tem que financiar as pesquisas que destroem a vida humana em qualquer estágio”, disse Richard M. Doerflinger, da Conferência de Bispos Católicos dos EUA. “Mas a tragédia disso é multiplicada pelo fato de que ninguém pode pensar que tipo de problema pode ser resolvido por estas células.”
O diretor da NIH, cristão evangélico que descarta o conflito entre ciência e religião, defende o trabalho. “Acho que há um argumento que pode fazer que isso seja eticamente aceitável”, disse Collins. “Se você acreditar na inerente santidade do embrião humano.”
Muitos cientistas acreditam que as células-tronco embrionárias vão permitir conhecimento fundamental nas causas de muitas doenças, e que poderão ser usadas para curar diabetes, mal de Parkinson, paralisias e outras enfermidades. A extração das células, contudo, destrói embriões com poucos dias de idade. (Fonte: Folha Online)