Segundo a pesquisa, que se baseia na previsão das alterações do uso da terra que seriam causadas pela expansão da produção de biocombustíveis no Brasil até 2020, o cultivo de matérias-primas para biocombustíveis poderá causar emissões por desencadear, de forma indireta, o desmatamento da Amazônia.
“Nossas simulações mostram que as mudanças diretas do uso da terra têm um impacto pequeno nas emissões de carbono porque a maioria das plantações de biocombustíveis poderia substituir áreas de pasto. Entretanto, alterações indiretas, especialmente aquelas que empurram a fronteira da pecuária para a floresta amazônica, poderiam compensar a economia de emissões possibilitada pelo uso de biocombustíveis”, explica o estudo.
Segundo o relatório, o etanol da cana e o biodiesel feito a partir da soja contribuiriam com aproximadamente metade do desmatamento indireto projetado para 2020 (121. 970 km²), criando um débito de carbono que levaria 250 anos para ser reparado pela substituição de combustíveis fósseis por biocombustíveis.
Os pesquisadores responsáveis pela análise afirmam terem testado diferentes matérias-primas que poderiam satisfazer a demanda do Brasil por biocombustíveis. Com isso, eles descobriram que o óleo de palma poderia causar as menores mudanças no uso da terra e, com isso, menor débito de emissões de carbono associadas à produção.
Para estimar a ampliação da área de pastos necessária nos próximos anos no Brasil, o estudo se baseou num aumento da densidade do rebanho para 0,09 cabeças por hectare.
De acordo com os pesquisadores, um aumento maior da concentração de gado por área, de 0,13 cabeças por hectare, em todo o país, poderia evitar as mudanças no uso da terra indiretas, causadas pelos biocombustíveis, enquanto ainda supriria toda a demanda brasileira por alimento e bioenergia. A constatação aponta a necessidade de investimentos em pecuária intensiva.
“Nós sugerimos que uma colaboração ou uma ligação institucional estreita entre os setores de biocombustíveis e pecuária nos próximos anos será crucial para a economia efetiva das emissões causadas por biocombustíveis no Brasil”, conclui a pesquisa. (Fonte: Amazônia.org.br)