O anúncio de que o Brasil irá imunizar 92 milhões de pessoas contra a gripe A (H1N1) acontece em um momento conturbado. Ao mesmo tempo em que diversos países estão tentando vender vacinas que compraram e acabaram não sendo utilizadas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) se defende de críticas de que houve exagero nos avisos sobre a nova gripe.
Na última quarta-feira (4), Margaret Chan, diretora-geral da OMS, declarou que a entidade manterá o alerta máximo sobre o vírus H1N1. Uma das grandes expectativas do órgão é sobre o que vai ocorrer durante o inverno no Hemisfério Sul, quando está prevista mais uma onda da nova gripe.
O governo brasileiro diz estar se preparando. Além da compra já prevista de 83 milhões de doses de vacina, o Ministério da Saúde anunciou, na última quinta (25), a compra de mais 30 milhões de doses e a inclusão de mais uma faixa etária no programa de imunização, previsto apenas para a parcela mais vulnerável da população.
Sobras
Mas enquanto abaixo do Equador os países se preparam para uma guerra contra o vírus com a chegada do frio, os países do Norte saem de uma batalha tranquila, e partidos de oposição atacam governos por terem supostamente desperdiçado recursos com a compra de imensos lotes de imunizantes.
A França, por exemplo, gastou US$ 1,2 bilhão (R$ 2,09 bilhões) em vacinas. Dos mais de 60 milhões de habitantes, contudo, apenas cinco milhões foram vacinados, e o país tenta vender o excedente de medicação. Além da baixa procura, provou-se que apenas uma dose é suficiente – e não duas como se imaginava.
Nos EUA, mais de 126 milhões de doses foram compradas desde outubro de 2009, mas só 75 milhões de norte-americanos foram vacinados. O baixo comparecimento está fazendo as clínicas de vacinação espalharem cartazes chamando para a imunização em rodeios e até em danceterias.
Para todos
O excedente de vacinas no Norte traz alívio para o Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, um dos motivos da compra extra se deve à maior oferta de imunizantes no mercado. Mas apesar de o país prever vacinar mais pessoas do que o mínimo recomendado pela OMS, muitos brasileiros reclamam que o medicamento deveria chegar a toda a população.
Na última quinta-feira (25), centenas de leitores enviaram mensagens ao G1 questionando os critérios para a escolha de apenas alguns grupos para a vacinação. A maior reclamação era que crianças em idade escolar não receberiam o medicamento.
As dúvidas foram encaminhadas ao Ministério da Saúde, que respondeu, por meio de sua assessoria de comunicação, que o objetivo da campanha de imunização não é evitar a infecção pelo vírus, mas diminuir o risco de adoecimento e morte. Por isso, foram escolhidos os grupos mais afetados durante a primeira onda da gripe, em 2009.
(Fonte: G1)