Os governos do México, Estados Unidos e Canadá lembraram nesta sexta-feira (23) o primeiro ano desde o anúncio dos primeiros casos confirmados de gripe A (H1N1), popularmente chamada de gripe suína, e se comprometeram a colaborar em aspectos-chave, como detecção e vacinação.
A descoberta de um vírus da gripe até então desconhecido e considerado potencialmente pandêmico articulou uma rede de ações entre as autoridades sanitárias de todo o mundo, cujo custo foi criticado por chegar à casa dos bilhões de dólares, parte deles gastos com a produção e distribuição de vacinas.
Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), a gripe A causou pelo menos 17.798 mortes em todo o mundo desde então.
No auditório da Academia Nacional de Medicina do México, onde foi realizado um simpósio nomeado como “Lições aprendidas para a segurança da América do Norte”, os especialistas disseram que é necessário acelerar a produção de vacinas e sua repartição igualitária.
O subsecretário do Departamento de Saúde dos EUA, Gerald W. Parker, disse que “deve ser mantido” o modo de trabalho contra a gripe, baseado em “fortes associações” e mecanismos formais que foram complementados com uma “interação pessoal e profissional” que foi “crucial e crítica” frente ao vírus A (H1N1).
Sem respostas – Apesar dos esforços, após um ano, as autoridades continuam sem respostas a pergunta de se a decisão da OMS faz bem em declarar a disseminação da gripe A como a primeira pandemia do século 21 ou se foi um exagero. Especula-se que essa postura foi tomada com base em interesses comerciais.
Os dois gigantes suíços do setor – Novartis e Roche – divulgaram resultados excepcionais no ano passado, impulsionados por ordens de medicação contra a gripe.
Na França, por exemplo, a compra de 94 milhões de doses de vacinas a um custo de 600 milhões de euros (US$ 800 milhões), mas menos de 10% de adesão da população, gerou polêmica. Os Estados Unidos destinaram US$ 1,88 bilhão para a compra de vacinas; a Alemanha, US$ 380 milhões, e a Espanha, US$ 125 milhões.
Para Paul Flynn, parlamentar britânico que dirige investigação do Conselho da Europa sobre o tema estes gastos não eram necessários. “Foi uma decisão que custou grandes quantidades de dinheiro, que alarmou a população de todo o mundo de forma desnecessária.”
No entanto, muitos cientistas saíram em defesa da OMS, entre os quais John Oxford, virologista e professor da britânica Queen Mary’s School of Medicine. “Muitas das críticas são políticas. Não escutei críticas de nenhum virologista.”
Em nome da “transparência” e para responder às críticas, a OMS, que nega qualquer interferência dos laboratórios em suas decisões, criou um comitê independente para avaliar a forma como a pandemia foi tratada.
À frente da OMS, Keiji Fukuda reconheceu, com a distância dos fatos, que uma melhor resposta teria gerado “menor confusão”. (Fonte: Portal R7)