O delegado Luis Carlos Silveira, que investiga a morte de 35 cães e gatos em Sales Oliveira, a 50 km de Ribeirão Preto, acredita que a matança tenha sido causada por apenas uma pessoa. Há um mês, moradores estão em alerta por causa de um suporto “serial killer” de animais.
Segundo Silveira, apesar de não ter conseguido ainda reunir qualquer pista do autor dos crimes, há a possibilidade de que as mortes tenham sido realizadas por uma única pessoa. “Quando há mais de uma pessoa envolvida, alguma hora uma informação acaba vazando”, diz ele.
A delegacia de Sales Oliveira, na região de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, tem três funcionários para investigar o caso. Além do delegado que trabalha meio período, pois é o titular de uma cidade vizinha, uma escrivã e um investigador também tentam solucionar a morte dos 35 animais.
Para Silveira, investigar os casos que não param de acontecer com apenas um investigador é tarefa que vai exigir a colaboração dos moradores da cidade. Segundo ele, desde que as mortes começaram a ser noticiadas pela imprensa, há uma tentativa de pessoas ligadas aos movimentos de defesa dos direitos dos animais em responsabilizar a administração pública.
O prefeito da cidade, João Jeremias Garcia Filho (PSDB), chegou a enviar um ofício para Silveira pedindo que os casos recebam especial atenção. Segundo o delegado, isso não era necessário pois é parte de sua obrigação. “Nesse ofício, há a preocupação do prefeito de que alguns moradores e representantes de ONGs possam responsabilizar a administração pública pelas mortes”, diz.
Silveira afirma que pode haver interesses políticos por trás das afirmações de quem acusa a prefeitura. “Não temos pistas que indiquem quem é essa pessoa, nem que os casos têm uma orientação da administração pública”, diz.
O delegado diz não acreditar que exista algum tipo de orientação do poder público para as mortes dos 35 animais. “Nenhum administrador público determinaria uma coisa como essa, teria que ser louco”, afirma.
A suspeita se deve ao problema em que se transformaram os cachorros que vagam pelas ruas de Sales Oliveira. Segundo a ativista dos direitos dos animais, Mirella Granville, muitas pessoas reclamam e a Vigilância Sanitária da cidade passou a recolher os cachorros de rua, o que contraria uma lei estadual.
“Reclamamos com a vigilância e eles pararam de recolher os animais. Pouco tempo depois, a matança começou”, revela. “Acho que existe uma orientação para isso, mas não sei de quem.”
Procurado pela reportagem do G1 na terça-feira (11), o prefeito rebateu as críticas e afirmou que apenas os cachorros “menos dóceis” eram recolhidos. Segundo ele, a prefeitura trabalha agora em um projeto para que a cidade tenha um centro de recolhimento dos animais onde eles possam ser castrados.
Para que a situação seja revertida, diz o delegado, a participação da população é fundamental. “Quem tiver alguma informação pode denunciar, nós garantimos o anonimato”, afirma. “Essa é uma investigação complexa pois os casos costumam ocorrer em horários da noite e quando os cachorros são achados mortos não é possível saber se eles foram envenenados naquele mesmo lugar”, diz.
Ele espera agora que as mortes diminuam pois tiveram repercussão na imprensa. “Agora do jeito que está, com a imprensa questionando e com o nosso trabalho – apesar de termos apenas um investigador que é conhecido há mais de dez anos na cidade – ele (autor dos crimes) deve dar uma recuada”, diz. “Mas ele deve voltar e alguma hora dessas pode errar.” (Fonte: Emilio Sant’Anna/ G1)