Uma briga envolvendo um chimpanzé foi parar no Tribunal de Justiça do Rio. A guarda de Jimmy, que vive há 15 anos no Zoológico de Niterói (ZooNit), na Região Metropolitana do Rio, está sendo reclamada pela ONG Grupo de Apoio aos Primatas (GAP), de Sorocaba, no interior paulista.
Para indignação dos servidores do Zoo, o presidente do grupo, Pedro Ynterian, acusa a instituição de explorar o bicho e mantê-lo em confinamento, o que, segundo alega o reclamante, seria equivalente ao trabalho escravo imposto aos negros no passado.
Ynterian entrou com um pedido de habeas corpus para que o chimpanzé seja transferido para o santuário em Sorocaba, onde viveriam 50 primatas.
Jimmy é conhecido, pois já participou de comerciais e de programas de TV. Antes, passara 10 anos num circo até ser levado para o Zoonit. Atualmente, vive sozinho em uma jaula de 120 metros quadrados.
Segundo o Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), o pedido de habeas corpus será analisado pelo desembargador José Muiños Piñeros Filho, da 2ª Câmara Criminal. Não há data prevista para o julgamento do mérito, já que o desembargador está viajando.
Animal pode ficar deprimido – De acordo com a presidente do zoo de Niterói, Giselda Candiotto, o animal é bem tratado, já está humanizado e ficaria deprimido com a transferência. “Ainda não recebemos notificação, mas estamos preparados para impedir que Jimmy, que já tem 26 anos, seja retirado daqui e sofra com isso”, afirmou Giselda. Um chimpanzé pode viver cerca de 70 anos.
Já o dono do santuário alega que o animal é explorado comercialmente pelo zoológico. “O chimpanzé não pode ficar sozinho, ele precisa conviver com outros da sua espécie. No nosso santuário ele terá essa convivência e não ficará exposto a visitação do homem”, disse.
Ynterian explica que Jimmy já está estéril e não poderia cruzar com uma fêmea, mas garante que o convívio com outros da mesma espécie fará com que ele tenha uma vida mais saudável. “Nossa experiência mostra que os animais que vêm de zoos são os mais deprimidos”, declarou.
Fêmea ia fazer companhia – A presidente do zoo de Niterói já tentou levar uma fêmea para cruzar com o chimpanzé, mas desistiu da ideia quando soube que teria que pagar R$ 30 mil por Maria. “Temos uma política contrária a compra e venda de animais”, explicou.
“Também fazemos um trabalho de reintegrar diversos animais à natureza, mas, no caso do Jimmy, isso seria prejudicial, já que ele já está muito habituado a conviver com o homem. Essa ONG quer levá-lo a um campo de concentração, onde ele não vai ter carinho e com certeza ficará deprimido”, concluiu. Gisela promete se empenhar até o fim para manter o bicho em Niterói.
O presidente da ONG informa que é a segunda vez que empenha numa batalha judicial pela guarda de chimpanzé. Na primeira vez, há três anos, em Salvador, Bahia, ele teria obtido uma vitória judicial, mas, no momento de recolher o animal, ele já estava morto. Segundo Pedro Ynterian, era uma fêmea. (Fonte: G1)