Os índios que estão acampados há cinco meses em frente ao Ministério da Justiça conseguiram nesta terça-feira (1º) uma liminar para permanecer no local. A decisão foi da juíza Maria Cecília Rocha, da 6ª Vara Federal de Brasília. Na tarde desta terça-feira, cerca de 80 policiais militares e federais foram à Esplanada dos Ministérios cumprir um mandado judicial anterior que determinava a retirada dos mais de 300 índios do acampamento. No entanto, a juíza decidiu favoravelmente pela permanência dos índios no local e a polícia se retirou. Os índios estão acampados para protestar contra mudanças administrativas na Fundação Nacional do Índio (Funai).
A decisão, de acordo com a liminar, foi adotada no sentido de assegurar a tranqüilidade da reunião da Comissão Nacional de Política Indigenista (Cnpi), no ministério da Justiça.
A juíza também levou em consideração um aspecto cultural dos índios. Um dos advogados do Movimento Social Acampamento Revolucionário Indígena, Ubiratan Maia, disse que foi alegado à Justiça Federal que uma menina de 12 anos, da tribo Guajajara, do município de Grajaú (MA), teve sua menarca (primeira menstruação) no último domingo (30) e, segundo a tradição da etnia, ela deve ficar isolada na tenda por sete dias. A adolescente está com o corpo pintado com tinta de jenipapo e durante uma semana não ela pode falar e nem comer carne suína ou bovina.
“Ela esta pintada assim para ter saúde, se proteger dos maus espíritos, de mau olhado e para que tudo vá bem na vida dela”, disse a tia da adolescente, Edinara Santana. (Fonte: Agência Brasil)