Estruturas corporais exageradas de animais pré-históricos, como “cristas” na cabeça e “velas de veleiro” nas costas, evoluíram para atrair membros do sexo oposto, concluiu um novo estudo.
A função dessas estruturas exageradas tem sido motivo de controvérsia. Para alguns cientistas, cristas ajudavam répteis voadores a controlar a direção de voo, e velas ajudavam na regulação da temperatura corporal.
Mas um novo estudo, publicado na revista “American Naturalist”, sugere que as estruturas tornaram-se tão grandes devido a competição sexual.
Uma das classes de animais pré-históricos analisados foi a dos pterossauros – répteis extintos na época dos dinossauros.
O estudo sugere que o tamanho relativo da crista da cabeça comparada com o corpo do animal era muito grande para ter sido dedicada ao controle da temperatura corporal ou para controle da direção de voo.
Os pesquisadores também investigaram animais semelhantes a mamíferos, chamados eupelicossauros, que viveram antes dos dinossauros. Esse grupo possuía grandes e elaboradas “velas” nas suas costas.
Usando relações conhecidas em organismos vivos entre tamanho do corpo e atividade metabólica (o processo por trás da geração de calor), os cientistas concluíram que as velas eram muito exageradas para terem como função única o controle da temperatura corporal.
“Uma das coisas que não mudou nos últimos 300 milhões de anos foram as leis da física”, disse à “BBC News” Stuart Humphries, da Universidade de Hull, no Reino Unido e coautor do estudo. “Então é bom usar essas leis para entender o que pode estar dirigindo a evolução dessas grandes cristas e velas.”
Segundo Joseph Tompkins, da Universidade da Austrália Ocidental, as velas dos eupelicossauros estão entre os exemplos mais antigos de características sexuais secundárias exageradas na história da evolução de vertebrados.
“Pterossauros fazem um esforço maior para atrair parceiros que pavões, cujas grandes penas são consideradas a estrutura mais elaborada de seleção sexual nos dias de hoje”, afirmou Dave Martill, da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido e coautor do estudo. “Pavões se desfazem de sua fantástica plumagem todos os anos, então é um fardo temporário, mas pterossauros tinham que carregar sua crista o tempo todo.”
Os autores sugerem que alguns pterossauros machos, como o Pteranodonte, competiam entre si usando suas cristas, de maneira semelhante a animais que hoje usam chifres. As fêmeas possivelmente avaliavam os machos baseado no tamanho de suas cristas, de maneira análoga às fêmeas de pavão hoje, que escolhem um dentre vários machos exibidores de plumagem.
Os pesquisadores não descartam a possibilidade de controle de temperatura, mas afirmam que as cristas e velas foram usadas principalmente para atrair parceiros sexuais e afastar competidores. (Fonte: Folha.com)