Percevejos estão se espalhando, de uma forma sem precedentes, pela cidade de Nova York. Um plano de combate foi anunciado na última quarta-feira, e inclui uma campanha de esclarecimento à população e um entomologista (pesquisador de insetos) à frente da iniciativa.
Os insetos sugadores de sangue, que não espalham doenças mas são conhecidos por causar grande angústia com infestações persistentes, têm se se multiplicado rapidamente em Nova York e em outras cidades norte-americanas nos últimos anos.
Especialistas em controle de pragas registram mordidas dos insetos – com marcas vermelhas que coçam – e reclamações. Em Nova York, os percevejos foram encontrados em teatros, lojas, escritórios e mesmo em elegantes apartamentos.
Em 2009, a administração do prefeito Michael Bloomberg adicionou, pela primeira vez, uma pergunta a respeito de percevejos à pesquisa sobre saúde comunitária. O resultado apontou que mais de 6% das donas de casa de Nova York disseram ter combatido a praga.
Houve 537 reclamações sobre percevejos em 2004 e, no ano passado, esse número pulou para 11 mil.
“Isto ocorre globalmente, e não creio que alguém saiba exatamente a razão”, diz Daniel Kass, integrante da comissão de saúde. “O que nos resta é mantê-los sob controle para que não proliferem. Os percevejos estarão conosco durante um tempo.”
Pequenos, mas nem tanto – Os percevejos equivalem ao tamanho de uma semente de maçã. Eles podem viver em rachaduras do chão, tomadas de parede, molduras de quadros e abajures – ou seja, em qualquer lugar.
As pessoas que portam os parasitas raramente os vêem. O sinal mais óbvio são as picadas, as marcas de sangue nos lençóis da cama e sujeira deixada pelos insetos, que se parecem com pó de pimenta preta. Eles também são conhecidos por serem extremamente difíceis de erradicar, e podem sobreviver um ano sem se alimentarem.
Os percevejos estavam adormecidos durante décadas, mas o retorno deles está mexendo com a cabeça dos especialistas. Alguns atribuem o surgimento ao aumento das viagens em nível global e à proibição do uso de pesticidas fortes como o DDT.
Grupo de estudo – A cidade de Nova York formou, no ano passado, um grupo de estudo para solucionar o problema e fornecer recomendações. Segundo levantamento feito, um dos principais bloqueios para barrar a proliferação dos parasitas é a falta de informação sobre prevenção e a orientação equivocada sobre tratamento.
“Se você tem cupins, sabe como lidar com eles. Se você vê um rato, sabe a quem chamar”, comenta a porta-voz do Conselho da Cidade, Christine Quinn. “O grande problema é a falta de conhecimento e não ter qualquer pista sobre como proceder com os percevejos.”
A cidade de Nova York também divulgou que usará US$ 500 mil das verbas destinadas ao departamento de saúde para iniciar a primeira fase do plano de combate a percevejos, que se concentrará em informação e na criação de uma equipe para tratar do assunto.
Parte do dinheiro será utilizado na criação de um site em que os nova-iorquinos poderão encontrar orientações sobre como evitar os parasitas e como limpar as casas –a cidade já possui um portal com informações sobre combate a ratos.
A cidade possui vídeos e guias online sobre percevejos, mas o estudo apontou que os endereços na internet não são fáceis de localizar e deveriam ser concentrados em um único lugar, de forma interativa.
Para muitos desavisados, dizem os funcionários do governo, eles acabam carregando os insetos nas roupas ou descartando objetos pessoais que contêm os bichos.
Os turistas também precisam ser conscientizados, acrescentam. “Todo mundo precisa se acostumar com a ideia de checagens periódicas”, diz Kass. “Viajantes deveriam olhar os quartos onde vão ficar e checar suas roupas. São medidas de prevenção.”
Os funcionários da prefeitura também comentaram que a cidade deveria adotar uma das recomendações sugeridas no estudo, de estabelecer uma regra para jogar móveis e outros objetos pessoais que estão infestados com os percevejos. (Fonte: Folha.com)