O Estado de Mato Grosso começou a testar neste fim de semana a instalação de chips eletrônicos para monitorar a exploração de árvores em áreas de manejo florestal.
O sistema, segundo o governo do Estado, permitirá rastrear a madeira que é extraída, dificultando fraudes relacionadas com a extração ilegal em áreas indígenas e de preservação.
O programa piloto do manejo florestal eletrônico começou a ser implantado há seis meses em uma fazenda de Nova Mutum (a 245 km de Cuiabá). Mais de 4.000 árvores receberam chips contendo dados como espécie, diâmetro, altura e localização.
O objetivo, diz a Sema (Secretaria Estadual de Meio Ambiente), é conseguir acompanhar eletronicamente a extração legalizada e o transporte da tora até a indústria madeireira.
“Vamos testar tudo: segurança do sistema, viabilidade econômica e condições operacionais de implantação”, disse Julio Bachega, secretário-adjunto de Mudanças Climáticas da Sema. O modelo prevê que os chips sejam bancados pelo interessado no manejo, ao custo de R$ 2 cada um. Em grandes quantidades, diz a Sema, o valor cai para até R$ 0,25.
“Os chips serão fornecidos pela Sema e só poderão ser cadastrados no sistema se estiverem dentro da área previamente autorizada para manejo”, diz Bachega.
Antes de cada derrubada, o produtor precisará informar ao sistema o destino da madeira. “O chip original fica no toco da árvore cortada, e uma cópia segue no tronco até o destino autorizado e georreferenciado.”
As informações irão compor um banco de dados estadual da exploração florestal legalizada no Estado, o que irá favorecer a fiscalização tanto do manejo em campo quanto do transporte.
“Quando for auditar a área de manejo, a fiscalização poderá saber a posição exata de cada árvore autorizada para corte. Na estradas, por meio de antenas leitoras dos chips, será possível implantar barreiras digitais.”
Credibilidade – Embora possa representar um aumento nos custos de produção, a implantação do sistema é vista com otimismo por representantes da indústria madeireira do Estado.
O Cipem (Centro das Indústrias Produtores e Exportadoras de Madeira), que reúne oito sindicatos e participa da implantação do programa piloto, diz que o chip trará “credibilidade” ao setor.
“A origem legal da matéria-prima é um diferencial”, diz o presidente do Cipem, João Carlos Baldasso.
No primeiro semestre de 2010, segundo o Cipem, o setor florestal de Mato Grosso exportou quase US$ 60 milhões – um aumento de 16% em relação ao mesmo período do ano passado.
“Se pudermos mostrar que temos o controle da origem da madeira, teremos nas mãos uma ferramenta para ampliar o nosso papel no mercado”, afirma Baldasso. (Fonte: Rodrigo Vargas/ Folha.com)