O desabamento ocorrido no km 24 da BR-060, que liga o Distrito Federal e os Estados de Goiás e Mato Grosso do Sul, foi provocado por interferências ambientais feitas por chacareiros da região, que acabaram alterando o perfil hidrológico do local. Segundo o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, boa parte dessas interferências teria sido feita com autorização de órgãos ambientais.
“Há dez anos, quando o projeto (do trecho da rodovia) foi feito, não havia incidência de olhos d’água na área, nem essa canaleta que, apesar de uma dimensão de 60 cm de largura por 80 cm de profundidade, acabou infiltrando água na base do aterro da rodovia (de cerca de 12 m de altura)”, explicou Pagot.
De acordo com ele, nos últimos anos, os proprietários de chácaras da região retiraram a vegetação, que já era secundária (não era a cobertura original) e fizeram investimentos em aviários e em plantações. “Isso mudou o perfil hidrológico da região, o que acabou resultando no surgimento de canaletas e nascentes de água em lugares onde, até então, não existiam”, afirmou.
Ele informou que o Dnit vem identificando e acompanhando o surgimento dessas nascentes nas proximidades da rodovia há cerca de dois anos. “A infiltração causada por essa canaleta (responsável pelo desmoronamento de parte da pista) não era nada superficial. Prova disso é que nós analisamos o solo, inclusive quando estávamos escavando a pista variante (que servirá de desvio para quem vai na direção de Brasília), e não identificamos material encharcado, apesar da chuva. Naquele trecho da estrada há tubulações a cada 150 m de pista. A infiltração, portanto, estava atingindo a base do aterro”, afirmou Pagot.
Ele acrescentou que as rachaduras identificadas desde segunda-feira pela equipe do Dnit não indicavam o risco que a pista estava correndo. “Essa rachadura sequer era na borda da pista. Ela ficava no centro. A suspeita era de que o problema estava em outra canaleta que havíamos construído para separar as duas pistas”, informou.
“Rachaduras desse tipo são muito comuns em vias como essa, onde há grande tráfego de caminhões de carga. Principalmente em uma área com alto índice de frenagem, como é o caso”, completou o diretor do Dnit.
Outras estradas – Apesar do desmoronamento na BR-060, Pagot garante que a situação das outras estradas do País é boa, embora existam algumas incidências. “A situação está bem melhor do que a do ano passado, quando houve sérios problemas em Santa Catarina, no Espírito Santo e no Rio de Janeiro.”
Para ele, isso se deve ao fato de o Brasil contar com a cobertura de 56 mil km de estradas, por meio do Programa de Conservação, Restauração e Manutenção de Rodovias (Crema). (Fonte: Portal Terra)