A Aeronáutica está planejando um novo foguete lançador de satélites brasileiro. O VLS-Beta, como está sendo chamado, deve substituir a partir de 2020 o malfadado VLS-1, que pegou fogo em 2003, matando 21 pessoas.
O VLS-Beta integra uma proposta entregue na semana passada à equipe do ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia). Ela foi elaborada pelo DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Espacial), da Força Aérea Brasileira, pelo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e pela AIAB (Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil).
Seu objetivo é aproveitar o governo que entra para influir no rumo da política espacial, que sofre cronicamente de falta de planejamento, financiamento e integração entre seus atores.
A conta apresentada a Mercadante é salgada: para o setor de satélites, seriam R$ 500 milhões por ano a partir de 2016. O desenvolvimento de foguetes nacionais precisaria de R$ 160 milhões ao ano, subindo para R$ 210 milhões de 2016 a 2017.
Para comparação, todo o PNAE (Programa Nacional de Atividades Espaciais) terá em 2011 R$ 350 milhões.
O que as três instituições prometem em troca é o desenvolvimento de um parque industrial de alta tecnologia – algo equivalente ao que a Embraer representa hoje.
Cruzeiro do Sul – O VLS-Beta integra a família de lançadores Cruzeiro do Sul, substituta do VLS.
Ele representa uma inovação em relação ao VLS-1, um projeto da década de 1980 que caducou e é considerado um “beco sem saída tecnológico”, incapaz de colocar em órbita cargas maiores que 150 kg (satélites de observação pesam dez vezes isso).
O VLS-1, cujo voo inaugural será em 2015, tem um sistema de propulsão considerado antiquado, com quatro motores no primeiro estágio.
A Aeronáutica quer concluí-lo como “demonstrador tecnológico”, mas sabe que o foguete não tem futuro.
O Beta teria só um motor no primeiro estágio e poderia colocar em órbita satélites já em desenvolvimento no país, como os da série Amazônia (de monitoramento da floresta) e Lattes (de pesquisa de clima espacial e de raios-X).
Antes de o Beta ficar pronto, porém, o DCTA quer usar uma evolução do VLS-1, batizada Alfa, para lançar satélites do Inpe a partir de 2015.
A parte alta do foguete, crucial para transportar a carga útil, seria desenvolvida em parceria com algum país que domine a tecnologia.
A Aeronáutica trabalha também, com a Alemanha, no desenvolvimento de um foguete pequeno, o VLM-1, a ser lançado a partir de 2015.
Os dois foguetes são uma resposta dos militares à parceria Brasil-Ucrânia para lançar o foguete ucraniano Cyclone-4 a partir de Alcântara, com fins comerciais.
O ex-ministro Sergio Rezende (PSB) apostou nela para suprir a deficiência do VLS-1. A Aeronáutica nunca engoliu o Cyclone, que abocanha recursos que poderiam ser do foguete nacional. (Fonte: Folha.com)