Você sabia que colher o pequi direto da árvore pode machucar a planta e fazer com que aquele galho não dê novos frutos? Por isso, o extrativista pega o fruto que já está no chão. Essa informação foi um dos temas debatidos entre representantes do governo federal, especialistas e produtores de pequi durante a Oficina Participativa de Boas Práticas de Manejo, encerrada nesta sexta-feira (18), em Brasília.
O resultado da oficina será levado à consulta pública e incluído na instrução normativa do extrativismo orgânico, além da publicação em cartilhas sobre boas práticas. Nesta semana também foi realizada a oficina do buriti. A ideia é que essas diretrizes também sirvam de base para um possível selo orgânico para os produtos da sociobiodiversidade. A iniciativa faz parte da estratégia do governo para a proteção da biodiversidade.
Segundo o analista ambiental Fábio Chicuta, o debate entre o pensamento científico e tradicional fluiu bem para a construção do conhecimento. “A gente sempre tá conseguindo entrar em consenso em muitos pontos sobre como deve ser feito”, disse, destacando que esses assuntos serão colocados como diretrizes técnicas.
Já sobre os pontos em que não há consenso, que falta conhecimento científico e tradicional sobre o resultado, Chicuta explicou que serão colocados como recomendações. “Isso é para quando a gente saber que é bom mas não exatamente porque é bom”. Além de melhorar a produção, as boas práticas são fundamentais para a conservação do meio ambiente.
O pequi faz parte da lista de produtos da sociobiodiversidade que tem garantia de preço mínimo.
O extrativista José Correa, da Chapada Gaúcha, em Minas Gerais, gostou da troca de experiência proporcionada pela oficina. “É bom para troca de informações e pela oportunidade de conhecer realidades diferentes”, ressaltou. Ele aprendeu na oficina que é preciso criar um banco de dados sobre quantidade de produção por árvore e por hectare para avaliar e melhorar a produção.
“Na discussão, pudemos ver que há muitos pontos que ainda são pautas para pesquisa”, completou a bióloga Sarah Melo, de Minas Gerais. Segundo ela, a coleta de dados sobre a produção é precária e as pesquisas sobre o pequi são recentes. “Por isso, para o pequi existe mais recomendações do que diretrizes.”
Existe uma grande variedade de produtos feitos com pequi, como óleos, polpa, creme, farofa, doce, sorvete, licor. Até a castanha do fruto é utilizada para fazer torrada.
Foram realizadas nove oficinas sobre boas práticas. Da Caatinga são a carnaúba, o licuri e o caruã; da Amazônia a castanha-do-brasil, o açaí e o babaçu; e do Cerrado o pequi, o buriti e o baru.
Outras espécies, que não terão oficinas, também estão tendo as suas diretrizes construídas com o apoio da Gerência de Extrativismo do MMA.
A iniciativa é uma parceira entre o Ministério do Meio Ambiente, por meio da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável (SEDR) e Secretaria de Biodiversidade e Florestas (SBF), e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento por meio da Coordenação de Agroecologia. (Fonte: Carlos Américo/ MMA)