A disseminação em rios de um tipo de mexilhão trazido da Ásia está deixando hidrelétricas em alerta pelo país.
O molusco, de duas conchas, adere a superfícies duras, pode entupir tubulações, parar máquinas e elevar gastos com manutenção.
Vista pela primeira vez no país em 1999, em Porto Alegre, a espécie Limnoperna fortunei se espalhou pela bacia do Paraná, nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
O molusco foi trazido ao país pela água de lastro de navios. Para especialistas, é questão de tempo para atingir outras bacias.
A Cemig (energética mineira) se prepara para enfrentar pela primeira vez o molusco, na usina de São Simão, em Goiás. A espécie é vista a 30 km da unidade.
Um projeto de modernização prevê implantar a partir de 2012 um sistema que injeta dentro das unidades geradoras uma substância que evita que mexilhões grudem.
Cada limpeza feita dura cerca de quatro dias e causaria prejuízo de mais de R$ 1 milhão para cada unidade geradora.
A Copel (Companhia Paranaense de Energia), que convive com a espécie desde 2006 na usina de Governador José Richa, no rio Iguaçu, preparou sistema parecido em duas outras usinas no rio.
Uma substância injetada nas tubulações da usina altera o pH da água e evita a fixação da larva do molusco.
Em quatro usinas da Cesp (companhia energética paulista), nos rios Paraná e no rio Tietê, a estratégia deu certo, segundo a empresa.
Desde 2004, uma substância baseada em cloro evita a formação de colônias e que as máquinas precisem ser paradas para limpeza. Os gastos anuais com o sistema são de cerca de R$ 100 mil.
Itaipu – Outras usinas que já controlaram o problema, como Itaipu (PR), adotaram medidas como aumentar a velocidade do sistema de resfriamento para evitar a fixação da espécie.
Itaipu foi a primeira usina brasileira com o mexilhão dourado. Segundo o veterinário Domingo Fernandez, quando a espécie apareceu, em 2001, tinha uma densidade de 26 adultos por metro quadrado.
Em 2003, chegou ao pico de 184 mil, e vem diminuindo até hoje, com média de 7.300 mexilhões na mesma área.
“Como ele é um filtrador, já consumiu boa parte do recurso alimentar disponível. E entrou na cadeia alimentar de peixes, passou a ser comido”, disse Fernandez. (Fonte: Fábio Freitas/ Folha.com)