O Ibama reforçou o efetivo de fiscalização em Mato Grosso após ter sido detectado um aumento do desmatamento no mês de abril no estado. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que faz o monitoramento por satélite da floresta na Amazônia Legal, ainda não divulgou os dados da devastação desse período, mas o órgão ambiental já recebeu informações sobre as novas áreas desmatadas, que estão sendo usadas para verificação em campo.
Luciano Evaristo, diretor de Proteção Ambiental do Ibama, explica que o aumento em Mato Grosso se deve, em parte, ao fato de que no ano passado a devastação foi relativamente baixa, o que deixou uma demanda reprimida por expansão agrícola, potencializada pela alta valorização das commodities.
Ele diz não dispor do número exato da extensão do desmatamento no estado, pois o Inpe, responsável pela divulgação oficial desse dado, ainda pode consolidar essa informação. “Houve um aumento na quantidade de polígonos [de desmatamento] e no tamanho desses polígonos”, adianta. O Ibama está atualmente com 520 fiscais na região amazônica.
Código Florestal – O chefe das ações de fiscalização do órgão ambiental federal diz não ter elementos para afirmar, como se tem especulado, que a discussão sobre o Código Florestal no Congresso tenha motivado a aceleração do desmatamento. A expectativa de uma anistia estaria animando agricultores e pecuaristas a derrubarem novas áreas de floresta. “Ninguém que flagramos [desmatando] até agora disse que é por causa do Código”, afirma.
O projeto à espera de votação na Câmara dos Deputados, por enquanto, só cogita anistiar desmatamentos feitos até julho de 2008 em pequenas propriedades.
Com as imagens de satélite, explica Evaristo, é facilmente detectável quais áreas foram destruídas após essa data. “Fatalmente vai ter imagens disso. Se estiver desmatando por esse motivo (uma esperança de que será anistiado pelo Código Florestal), está rasgando dinheiro”, alerta Evaristo.
O diretor de Proteção Ambiental ressalta que, mesmo que os novos desmatamentos não sejam flagrados durante a derrubada da mata, a plantação nas áreas abertas recentemente fica passível de apreensão. “O Ibama vai apreender a produção na fase da colheita. [O desmatador] vai perder a colheitadeira, a produção. Vamos pegar todos, um por um”, promete. “O cara vai colher para o Fome Zero. Estará fazendo um grande benefício social”.
Pará – O estado do Pará, outro que lidera o desmatamento na região amazônica, ainda não é alvo de um aumento de fiscalização porque a cobertura de nuvens impediu a detecção de novas áreas devastadas, explica Evaristo. (Fonte: Dennis Barbosa/ Globo Natureza)