Pinguins sujos de óleo estão aparecendo, mortos ou debilitados, na costa marítima do Rio Grande do Sul.
Em menos de uma semana, pesquisadores e membros do Comando Ambiental da Brigada Militar contaram mais de 75 pinguins mortos e retiraram para recuperação 84 ainda vivos e sujos. Desses, nove já morreram.
“Outros morrem no mar e nem aparecem na praia”, diz Ignácio Moreno, professor de zoologia da UFRGS e membro do Ceclimar (Centro de Estudos Costeiros Limnológicos e Marinhos).
O professor afirma que o fenômeno é preocupante devido à constante migração das aves marinhas nesta época do ano. Segundo ele, as aves vêm da Patagônia, na Argentina, em busca de alimento e calor na costa do RS.
“Uma parte dos pinguins sempre morre nesse deslocamento, por ser mais frágil. Mas dessa vez o óleo vem atingindo até os animais mais fortes”, afirma.
A maioria dos pinguins sujos de óleo têm sido encontrada em praias do litoral sul do RS, como Cidreira, Pinhal e Quintão, de acordo com o sargento Vanderlei Filipiaki, do Comando Ambiental da Brigada Militar.
“É um local com muitas embarcações de grande porte, como petroleiras, que vêm aqui para descarregar”, diz.
Já os pinguins mortos estão concentrados na faixa que liga Tramandaí ao balneário de Dunas Altas. Além deles, um leão marinho apareceu morto na costa gaúcha.
Ele estava coberto de um óleo semelhante a petróleo, segundo o Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul. O órgão abriu uma investigação para apurar a causa das mortes dos animais e verificar se houve vazamento de óleo de algum navio.
Para o oceanógrafo e diretor do Cram (Centro de Recuperação de Animais Silvestres e Marinhos), da Universidade Federal do Rio Grande, Lauro Barcellos, as mortes dos pinguins são indícios de um crime ambiental
Segundo Barcellos, o óleo cola as penas do pinguim e o impede de manter o isolamento térmico do corpo – e ele acaba morrendo de frio.
Os animais estão sendo tratados na sede do Ceclimar, em Tramandaí, e no Cram, em Rio Grande. A retirada do óleo e o tratamento duram cerca de 60 dias. (Fonte: Natália Cancian/ Folha.com)