Prometido há um ano pelo governo, o sistema de detecção do desmatamento no cerrado em tempo real, usando imagens de satélite, ainda não saiu do papel.
Ele seria feito pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), nos mesmos moldes do Deter, que vigia a Amazônia. A previsão era de que estivesse em funcionamento neste ano. “Pergunte se o Inpe recebeu dinheiro”, disse o diretor do instituto, Gilberto Câmara.
A falta de verba também deixou empacada a parceria entre o Inpe e o Ibama para criar um sistema que desse a taxa anual de desmate.
Hoje, ela é medida anualmente por um sistema do Ibama que é bem mais simples que o Prodes (do Inpe, que dá a taxa de desmatamento na Amazônia). O sistema não dá taxas anuais, nem diferencia vegetação secundária de cerrados nativos.
O monitoramento começou somente em 2009. Até então, o governo tinha apenas uma estimativa pontual da destruição do cerrado (15,7 mil km2 ao ano). Com base nessa estimativa foi definida a meta de redução de 40% na derrubada do bioma até 2020.
O que os satélites revelaram, porém, foi um número bem diferente. Os dados de 2010, divulgados ontem por Teixeira, por exemplo, mostram 6.469 km2 desmatados, ou quatro vezes a área da cidade de São Paulo. Isso representa uma queda de 15% em relação a 2009 (7.637 km2). No total, o cerrado já perdeu 48,5% de sua área original.
O desmatamento se concentrou no chamado “Mapito” (Maranhão, Piauí e Tocantins), a nova fronteira do agronegócio do país. Segundo Mauro Pires, coordenador do plano de controle de desmate no cerrado, a queda não significa que a meta já tenha sido cumprida.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que dará dinheiro de sua pasta ao Inpe para criar o monitoramento no ano que vem. (Fonte: Claudio Angelo/ Folha.com)