Debate define estratégias para conservação de espécies ameaçadas

Qual é a dimensão da biodiversidade brasileira? Cientistas e pesquisadores ainda não podem afirmar, mas sabe-se que, até o momento, o número de espécies desconhecidas é maior que o de já identificadas. Estima-se que o território nacional abrigue cerca de 210 mil espécies, sendo 134 mil de animais e 49 mil de plantas.

No entanto, uma quantidade cada vez maior de espécies encontra-se em estado de extinção, devido à perda de habitat, exploração indevida de recursos naturais, desmatamento, queimadas, poluição e outros fatores.

Atualmente, existem 627 espécies da fauna brasileira que correm o risco de desaparecer e constam da chamada Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas de Extinção. Cerca de 60% delas estão em territórios protegidos, e aproximadamente 75% das áreas federais de conservação abrigam estas populações.

As unidades de conservação e os planos de ação das espécies ameaçadas são considerados alguns dos principais instrumentos para a preservação da biodiversidade. “Associando estas estratégias conseguimos evitar que as populações destes animais sejam extintas”, afirmou a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, em colóquio nacional no Senado Federal sobre proteção de espécies ameaçadas de extinção, realizado na sexta-feira (15).

De acordo com a ministra, até 2014, o MMA pretende concluir os planos de ação de todas as espécies da fauna em estado de ameaça, e até o final deste ano, cerca de 35% destes planos devem ser finalizados.

“A gestão adequada de espécies inclui o uso sustentável dos componentes da biodiversidade, o acesso do público às áreas de preservação e um amplo processo de participação científica, além de mais pesquisas. Temos que avançar em metodologias inovadoras, novos modelos de mercado e desenvolver uma visão estratégica sobre as bacias de ativos florestais”, avalia a ministra.

Izabella acrescentou que existe uma nova agenda de conservação para 2020, e que o Brasil deve trabalhar com toda a sociedade e instituições de pesquisa para oferecer uma nova visão de proteção da biodiversidade, de acordo com as orientações das Metas de Aichi, estabelecidas em Nagoya (Japão) durante a última Conferência da Diversidade Biológica (CDB).

O senador Rodrigo Rollemerg (PSB- DF), reforça o coro de que o desafio de conservação da biodiversidade não é um compromisso apenas dos ambientalistas, mas de todos os setores da sociedade.

“Este tema merece uma atenção importante, especialmente no momento em que discutimos o Código Florestal e as causas de destruição das espécies e dos ecossistemas”, disse o senador.

Durante o colóquio, os participantes também debateram os modelos jurídicos e a Política Nacional de Conservação da Biodiversidade, além da relação entre economia e diversidade biológica.

O evento foi promovido pelo MMA, União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e Senado Federal, e contou com a participação de representantes do Governo Federal, Ong’s ambientalistas e sociedade civil.

Gigante pela natureza – O Brasil é responsável pela gestão do maior patrimônio genético do mundo, sendo considerado o País mais rico em biodiversidade do planeta. Segundo o secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA, Bráulio Dias, a cada ano são descritas cerca de mil novas espécies no País. “Talvez possamos gastar cerca de mil anos para descrever toda a nossa diversidade biológica”, avalia.

Ele afirmou ainda que a estratégia nacional de biodiversidade está em fase de atualização, e que há a intenção de se estabelecer um fórum brasileiro voltado para o tema.

No entanto, Dias alerta que, de acordo com o terceiro relatório do estudo Panorama Global da Biodiversidade, nunca houve tanta perda da diversidade biológica no mundo como nos últimos 50 anos.

“Se somarmos a perda de ecossistemas por desmatamento, poluição, aumento da população demográfica e do consumo aos impactos de mudança climática, os prováveis cenários para as próximas décadas são de esgotamento de recursos ambientais e extinção em massa de espécies”, argumentou.

De acordo com o secretário, o quarto relatório do Instituto Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC/sigla em inglês) estimou que, se não for revertida a situação de aumento dos gases de efeito estufa, poderemos perder nas próximas décadas um terço de toda a biodiversidade do mundo, considerando-se apenas as mudanças climáticas.

Dias acrescenta que existem muitos exemplos locais de conservação exitosos, e que ainda é possível recuperar e conservar espécies que estão em situação muito critica, desde que os diferentes setores da sociedade empreendam um esforço conjunto, de forma associada. “Nosso maior desafio é conciliar os interesses de conservação e desenvolvimento”, conclui. (Fonte: Carine Almeida/MMA)