O futuro da robótica é fofinho, aposta um grupo de pesquisadores da prestigiosa Universidade Harvard (EUA).
A prova: um pequeno robô sem chips ou peças de metal, flexível, que usa suas quatro “patas” para se locomover de um jeito que lembra vagamente uma estrela-do-mar.
A invenção está descrita em artigo publicado na edição digital da revista científica americana “PNAS”.
O esqueleto do robô é formado por polímeros (essencialmente plásticos), que recebem injeções de ar comprimido.
A equipe liderada por George Whitesides conseguiu fazer o autômato molenga caminhar e até se esgueirar por debaixo de obstáculos.
Movimentos bastante complexos são produzidos com apenas cinco “músculos”: os que correspondem aos dois pares de patas da criação e um quinto localizado na “espinha” do robô.
Sopro de vida – A ativação dos músculos não é eletrônica. No lugar dos impulsos elétricos, um conjunto de tubinhos bombeia ar comprimido no “bumbum” do autômato, e daí para o resto da estrutura dele.
Por isso mesmo, os pesquisadores o comparam a um balão. Inflando e desinflando os membros de forma controlada, é possível gerar os movimentos.
Dá para alternar a pressão do ar nas câmaras pneumáticas para produzir um movimento ondulatório ou então o que os cientistas chamam de “rastejar”, por analogia com os invertebrados que os inspiraram.
Qual a utilidade do robozinho flexível? Por enquanto, quase nenhuma. Trata-se do que os cientistas chamam de “prova de princípio” uma demonstração de que determinada ideia mirabolante pode funcionar.
Mas robôs baseados no mesmo conceito básico poderiam superar as dificuldades que os robôs de metal enfrentam para se mover em terrenos acidentados -afinal, não teriam rodas facilmente enroscáveis, coisa que atormenta os jipes robóticos enviados pela Nasa a Marte.
Os autômatos flexíveis também comportam, em princípio, maior diversidade de movimentos que os possíveis para os construídos com porcas e parafusos. E seriam mais adequados para o manuseio de objetos pequenos e frágeis que seus ‘primos’ metálicos, escreve o grupo.
Há também a questão do custo. O método usado pela equipe de Harvard para produzir o robozinho é, ele próprio, muito mais fácil de automatizar do que a produção peça a peça de um robô do tipo tradicional. É o tipo da coisa que faz os preços de um produto despencarem.
Os pesquisadores argumentam ainda que será possível, no futuro, enfrentar uma das grandes limitações do design deles: seria difícil carregar grandes pesos com o protótipo, e ele esvaziaria feito uma bexiga se furado.
Bastaria alterar os polímeros usados para construir o corpo do robô e aumentar a pressão do ar empregada para fazer com que ele se mexa, afirmam eles. (Fonte: Folha.com)