Maior lago dos Bálcãs agoniza por causa da poluição

O maior lago dos Bálcãs, o Shkodra, localizado dentro do território da Albânia e de Montenegro, sofre uma lenta agonia causada pela poluição gerada pelo lançamento de resíduos industriais e esgoto durante as últimas duas décadas.

Situado a oeste da cidade albanesa que dá nome ao lugar, o lago tem como característica a presença de enormes ilhas formadas por vegetação, o que dificuldade a navegação dos barcos de pesca. Nas margens do Shkodra, numa ampla faixa, há uma grande concentração de algas verdes, que são uma ameaça para a fauna local.

O lago tem ao todo 368 quilômetros quadrados e um terço dele pertence à Albânia. “Pesco no lago desde 1978 e nunca o vi tão mal”, disse Mithat Galica, que ao lado de sua mulher, luta diariamente com o lodo e as plantas aquáticas para achar os peixes que são cada vez mais difíceis de serem encontrados. “Saímos duas vezes ao dia e no lugar de peixes nas redes achamos algas”, disse Mithat, que num dia bom consegue ganhar 10 euros. O albanês afirma que nos tempos do comunismo existia uma empresa estatal que cuidava da limpeza do lago, mas que hoje em dia ele está abandonado.

As águas do Shkodra vêm esvaziando nos últimos tempos, devido à prolongada seca que atinge a região. Dessa maneira, é possível ver sobre o fundo do lago lixo de todas as espécies, como garrafas, sapatos, móveis, brinquedos usados e muitos sacos vazios de cimento usados nas construções que se proliferam ao redor.

Soma-se a isso o esgoto de Shkodra, uma cidade de 80 mil habitantes, que é lançado no lago, assim como resíduos químicos de uma fábrica de alumínio localizada na capital de Montenegro, Podgórica. “Antes pescávamos carpas de 35 quilos, agora estamos satisfeitos se o anzol apanhar uma espécie de poucos centímetros”, reclama Tonin Marashi, de 60 anos.

Soma-se a todos esses problemas, um novo tipo de modalidade de pesca que prejudica ainda mais o meio ambiente. Alguns pescadores têm utilizado um gerador que lança uma descarga elétrica na água, o que acaba dizimando qualquer animal vivo que esteja próximo do barco. “Estes casos abusivos são esporádicos. A situação melhorou e a fiscalização foi intensificada desde que o lago foi considerado área de proteção ambiental”, assegura Ridvan Hebaj, chefe da Direção do Serviço Florestal de Shkodra.

Atualmente, diz ele, 430 moradores da região têm licença para pescar no lago. Além disso, o número de pescadores ilegais teria diminuído de mil para 200, e as denúncias registradas esse ano foram apenas três, contra 18 casos em 2010.

Apesar disso, a população local cada vez menos se arrisca em banhos no Shkodra, e o símbolo do lago, a carpa, tornou-se artigo raro. Especialistas na área de meio ambiente, no entanto, têm uma esperança: os projetos financiados pela União Europeia e o Banco Mundial (BM).

Um programa iniciado em agosto, no valor de 18 milhões de euros, patrocinado pela Alemanha, Áustria e Suíça, reconstruirá a rede de canalização do Shkodra, que permitirá que o esgoto passe por uma estação de tratamento antes de chegar ao lago.

No ano que vem, outra iniciativa, no valor de US$ 4,5 milhões e financiado pelo BM, está programada. O projeto prevê a elaboração de uma legislação comum sobre o uso do Shkodra por parte da Albânia e de Montenegro, além de um plano conjunto de gestão, supervisão e incentivo ao turismo no local. (Fonte: Portal iG)