Pesquisadores norte-americanos afirmam que o barulho de navios no norte do oceano Atlântico está causando estresse em baleias.
Segundo os cientistas do Aquário da Nova Inglaterra, em Boston, os motores de navios emitem um som na mesma frequência que algumas baleias usam para se comunicar.
Estudos anteriores já mostravam que as baleias mudam seus padrões de comunicação em lugares mais barulhentos.
Na pesquisa mais recente, os cientistas mediram os níveis de hormônios relacionados ao estresse nas fezes das baleias e descobriram que esses níveis aumentam de acordo com o aumento no tráfego dos navios.
Os cientistas estudaram as baleias francas do Atlântico norte na região da Baía de Fundy, no Canadá. A baleia está na lista de espécies ameaçadas, mesmo depois de sua população ter vivenciado um pequeno crescimento nos últimos anos.
No final do verão, essas baleias percorrem uma área do Atlântico na costa leste da América do Norte e vão até a baía canadense, para se alimentar.
Acreditava-se que a caça realizada séculos atrás teria dizimado a população dessas baleias. Mas pesquisas mais recentes mostram que o declínio ocorreu muito antes, por razões desconhecidas.
Rosalind Rolland, do Aquário da Nova Inglaterra, afirmou que a população atual é de 490 animais, um aumento em relação aos 350 registrados há uma década.
Queda no tráfego e no barulho – Cientistas estudam a baleia franca na baía canadense desde a década de 1980. Mas o último estudo, publicado na revista Proceedings of the Royal Society Journal B, ocorreu por sorte.
Depois dos ataques de 11 de setembro de 2011 em Nova York e Washington, o tráfego de navios na baía caiu no Atlântico norte. E os cientistas registraram uma queda de 6 decibéis na intensidade do barulho registrada debaixo d’água.
Coincidentemente, outra equipe tinha apenas iniciado um projeto de cinco anos para recolher e examinar fezes das baleias francas do Atlântico norte.
As fezes recolhidas pela pesquisa de 2011, no período de menor tráfego, mostraram um nível mais baixo de hormônios glicocorticoides (associados ao estresse) do que o registrado nas pesquisas nos verões seguintes, quando o tráfego voltou aos níveis normais.
Primeira vez – “Esta foi a primeira vez que foi documentado o efeito fisiológico. Afinal, estes são animais de 50 toneladas, o que faz com que seu estudo não seja muito fácil”, afirmou Rolland.
“Pesquisas anteriores mostraram que (as baleias) mudam o padrão de vocalização em um ambiente barulhento, da mesma forma que nós fazemos em uma festa, mas esta é a primeira vez que o estresse foi registrado fisiologicamente”, acrescentou.
Apesar dos registros, os cientistas ainda não sabem o quanto isso afeta as baleias.
O que se sabe é que o nível de barulho no oceano tem aumentado nas últimas décadas. Uma análise mostrou que os ruídos na região nordeste do oceano Pacífico tiveram um aumento de 10 a 12 decibéis em relação aos registrados na década de 60. (Fonte: G1)