Morreu na noite desta quarta-feira (14) César Ades, professor da Universidade de São Paulo, vítima de um atropelamento na semana passada, informou a assessoria de imprensa da USP. Ades tinha 69 anos e era considerado um dos maiores especialistas do Brasil em etologia, disciplina que estuda o comportamento animal.
Em luto, o IP suspendeu suas aulas e atividades nesta quinta.
Nascido no Egito e naturalizado brasileiro, Ades se formou em Psicologia em 1965 e era livre-docente pela USP desde 1991.
Foi diretor do IP e do Instituto de Estudos Avançados da universidade, fundador da Sociedade Brasileira de Etologia (Sbet) e membro do Conselho Internacional de Etologia. Ades também fundou a brasileira Revista de Etologia e era membro da Academia Paulista de Psicologia.
“É um nome fundamental no desenvolvimento da etologia do Brasil não só pelo seu trabalho, mas também pelo seu entusiasmo, pela sua generosidade e pela grande contribuição que deu na formação de novos grupos de pesquisa”, afirmou Elisabeth Spinelli de Oliveira, da USP de Ribeirão Preto e atual presidente da Sbet.
“Era uma pessoa de muita importância, muita alegria, de convivência muito fácil, é uma perda irreparável”, completou a pesquisadora.
“Não dá para falar em etologia no Brasil sem falar no nome dele”, concordou Gelson Genaro, professor do Centro Universitário Barão de Mauá, em Ribeirão Preto, que trabalhou com ele na Sbet. “Ele é o principal nome da etologia do Brasil, por sua competência e por sua dedicação”.
De aranhas a macacos – Ades trabalhava com várias linhas de pesquisa e diferentes animais, de aranhas a macacos. Suas principais contribuições à ciência foram na área da comunicação animal.
Segundo Genaro, se destaca na bibliografia de Ades um estudo que descreve uma dança de acasalamento feita pelo porquinho-da-índia. Outra pesquisa importante foi a que descreveu o comportamento do muriqui, o maior macaco brasileiro.
O Globo Repórter de 14 de maio de 2010 destacou um estudo que o professor conduziu com cachorros. No programa, ele afirmou que tem certeza que os cães são capazes de se comunicar com os humanos.
“Toda hora, a gente descobre coisas. Sempre tem alguma coisa nova, que te ensina que corrige as concepções que você já fez. É de uma riqueza impressionante”, afirmou o psicólogo à reportagem do programa.
A atuação de Ades também foi de destaque fora dos laboratórios. “Não só foi um pesquisador brilhante, como foi também um administrador brilhante”, disse Gelson Genaro, destacando os institutos que o psicólogo dirigiu durante a carreira.
“Ele não tinha se retirado da ciência. Queria continuar atuando na formação de pesquisadores e na edição da Revista de Etologia”, apontou Elisabeth Spinelli de Oliveira. (Fonte: G1)