Regiões devastadas pelo terremoto e tsunami que atingiram o Japão em 11 de março do ano passado estão usando tecnologia verde em sua reconstrução. Aproveitamento da energia eólica, solar ou produzida a partir de biomassa são práticas adotadas nas cidades de Kamaishi, Ofunatu, Higashi-Matsushima, Iwanuma, Shinchi e Minami-Soma. Nesta segunda-feira (26), o pesquisador japonês Takashi Hongo falou sobre a experiência desses municípios durante a palestra Lições aprendidas na recuperação do desastre e a contribuição para uma economia verde, promovida pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e Embaixada do Japão.
A tragédia em território japonês no ano passado deixou mais de 13 mil mortos. Além das perdas humanas e da destruição de edifícios, estradas e aeroportos o tremor causou a explosão de um reator nuclear. Diversas famílias que viviam nas áreas afetadas pela radiação tiveram de se mudar, e até hoje o governo monitora o grau de contaminação. Takashi Hongo, que é pesquisador-sênior do Instituto de Estudos Estratégicos Globais de Matsui, afirma que a população convive com o trauma psicológico deixado pelo desastre. O estrago foi muito severo. Além do dano físico, nós japoneses fomos muito afetados mentalmente, disse.
Hongo agradeceu a ajuda material prestada por mais de 160 países, incluindo o Brasil. Ele se mostrou confiante de que as inovações aplicadas pelas seis localidades podem servir de exemplo para governos interessados em economia verde e na redução das emissões de carbono, e destacou que as lições aprendidas ajudaram a delinear as propostas que o país asiático apresentará na Rio+20, conferência sobre desenvolvimento sustentável que acontece no Rio de Janeiro de 13 a 22 de junho deste ano. Os municípios que adotaram soluções ecologicamente amigáveis foram eleitos cidades-modelo e a intenção é que suas ações sejam introduzidas no Japão como um todo.
Planejamento – O pesquisador enfatizou a necessidade do planejamento urbano para a construção de cidades economicamente sustentáveis, e destacou que as instituições financeiras precisam ser envolvidas no esforço em favor da implementação da tecnologia verde. A missão delas é fundamental, pois os investimentos iniciais são muito altos, afirmou.
Para Karen Suassuna, diretora do Departamento de Mudanças Climáticas da Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do MMA, comunidades e municípios brasileiros podem beneficiar-se da experiência japonesa. Os desafios que a mudança do clima nos causa podem ser muito semelhantes à tragédia ocorrida, afirmou.
A diretora admite que algumas tecnologias verdes ainda são caras um coletor solar de energia, por exemplo, custa de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil mas diz que algumas medidas simples podem ser adotadas para que uma edificação seja menos agressiva ao meio ambiente. A pessoa pode aproveitar a ventilação e iluminação naturais o máximo possível, projetar um ambiente rico em luz solar, comentou. Claro que sempre contratando um arquiteto ou engenheiro na hora de desenhar o projeto, e pedindo sugestões. Outra dica é observar se há o selo Procel na hora de comprar lâmpadas. (Fonte: MMA)