O secretário-executivo da Comissão Nacional para a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio +20), embaixador Luiz Alberto Figueiredo, disse na tarde desta quinta-feira (19) que as negociações finais para o encontro esbarram nas definições sobre o que é e como implantar a chamada “economia verde”. Segundo ele, há países receosos de que a imposição da economia verde limite o desenvolvimento.
De acordo com o embaixador, entre os 190 países negociadores do documento final que será concluído após a conferência, alguns temem a imposição de padrões tecnológicos, a criação de barreiras comerciais e de condicionalidades à ajuda internacional.
Essa preocupação já havia sido apresentada no final de março durante a IV Reunião de Cúpula dos países que integram os “Brics” – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Na ocasião, a declaração final do encontro afirmou que o grupo se opõe à introdução de barreiras ao comércio e ao investimento como justificativa para desenvolver a economia verde.
Figueiredo reforçou essa posição brasileira nesta quinta.”Nós queremos mostrar que cada país encontrará a sua via no caminho do desenvolvimento sustentável. A economia verde é um instrumento para se chegar ao desenvolvimento”, declarou Figueiredo.
Além de ser o país-sede da Rio+20, o Brasil é o responsável por presidir as negociações em torno do documento final da conferência.
Na próxima segunda-feira (23), será iniciada em Nova York a última rodada de discussões entre delegados dos países sobre o acordo antes da chegada ao Brasil.
Termos – O Ministério das Relações Exteriores também informou que o conceito de “crescimento verde”, sugerido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), não deverá substituir o de “economia verde” no documento final da Rio +20. De acordo com Ministério, o termo usado atualmente pela ONU nas negociações da conferência é mais universal por incluir, além do fator econômico, os âmbitos social e ambiental.
O Ministério também confirmou que está incluído no documento de negociação uma sugestão brasileira de criação de um piso social ambiental global no acordo da Rio+20. Apesar de não detalhar como o programa funcionará, o Ministério informou que ele incluirá conceitos sociais, econômicos e ambientais e estaria sendo “bem acolhido” nas discussões com outros países.
Manifesto – O Ministério das Relações Exteriores não se posicionou sobre o Manifesto que foi divulgado nesta quarta-feira (17) por um grupo de ex-ministros do Meio Ambiente pedindo ao governo brasileiro mais atenção à pauta ambiental nas negociações da Rio+20. No entanto, o órgão informou que não tem expectativas de que o evento seja um fracasso no que diz respeito à tomada de decisões. (Fonte: Felipe Néri/ G1)