O ex-governador da província de Aceh, na ilha de Sumatra, na Indonésia, disse nesta semana que o contrato de concessão de uma área de 16 km² da floresta de Tripa – refúgio de cerca de 700 orangotangos dos 6.600 que sobrevivem na ilha – para uma empresa de cultivo de dendê foi “moralmente errôneo”.
Irwandi Yousseff, afirmou que a doação da área à companhia Kallista Alam foi feita como forma de chamar a atenção mundial sobre as florestas de Sumatra – opinião que diverge de ambientalistas. “A comunidade internacional acredita que nossas florestas são um depósito livre para seu dióxido de carbono”, disse Yousef à imprensa nesta semana.
O ex-governador desta região autônoma compartilha com o governo federal a opinião que a proteção da floresta e dos animais que nela habitam deve ser compensada com ajudas econômicas. “(Todos) dizem que querem ar limpo e proteger as florestas (…) mas o que fazem é inalar nosso ar sem pagar nada”, apontou o político.
Ameaça – Tripa pertence ao ecossistema de Leuser, uma grande extensão de selva na qual há 8.500 tipos de plantas, árvores de até 70 metros de altura e mais de 350 espécies raras de pássaros, 194 de répteis e 129 de mamíferos. Na vegetação do noroeste do arquipélago indonésio, os orangotangos dividem espaço com elefantes, rinocerontes e os tigres da Sumatra.
Os ecologistas asseguram que as explorações de azeite de dendê no país se transformaram nas últimas décadas no pior inimigo dos orangotangos, espécie em perigo crítico de extinção e extremamente vulnerável devido à sua lenta reprodução e à necessidade de um habitat amplo.
Segundo Arantzazu Acha, coordenadora dos projetos ambientais da Organização da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) na Indonésia, “uma das principais razões para a diminuição das população de animais de vida selvagem é o desaparecimento de seu habitat”.
E, precisamente, a maioria das espécies em perigo “tem seu habitat primário nas florestas tropicais de terras baixas, abaixo dos 900 metros, que são as áreas mais propicias para as expansões agrícolas, especialmente, os cultivos extensivos de dendê”, acrescentou Arantzazu.
Desmatamento – Entre 1985 e 2007, 49,3% das florestas da Sumatra desapareceram devido à exploração agrícola, a maior parte em zonas de pouca altitude e habitadas por orangotangos, segundo os dados da Unesco.
Cerca de 80% das florestas são agora de dendezeiros, árvore da qual se extrai um produto vegetal empregado para fazer biocombustíveis e cosméticos, e que deu lugar a uma indústria da qual a Indonésia é o principal abastecedor em nível mundial.
A Indonésia é o terceiro país do mundo com maior superfície florestal e o que registra a taxa de desmatamento mais alta, o que contribuiu para que agora seja o terceiro principal emissor de dióxido de carbono, atrás de China e Estados Unidos. (Fonte: G1)