A chegada dos ministros do Meio Ambiente de mais de 100 países, esta semana, a Hyderabad, na Índia, onde ocorre a 11ª Conferência das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (COP11), pode significar o fim de alguns impasses em torno das negociações iniciadas no último dia 8. Negociadores de países desenvolvidos e em desenvolvimento não conseguiram acordos em torno de questões prioritárias para a conservação das espécies no planeta.
De acordo com observadores, os segmentos de alto nível dos países, reunidos desde segunda-feira (15), estão mostrando sinais positivos de que estão dispostos a intensificar e assumir as metas de proteção da biodiversidade, acordadas há quase dois anos, em Nagoya, no Japão.
A mobilização de recursos a serem usados na conservação biológica do planeta continua sendo o ponto mais polêmico e com menos sinais de solução. Ainda que os 192 países que participaram da COP10, em Nagoya, no Japão, tenham reconhecido a necessidade de adotar ações para estancar a perda de espécies no mundo, os efeitos da crise financeira mundial têm dificultado esse comprometimento.
O superintendente de Conservação da organização não governamental WWF-Brasil, Mauro Armelin, que acompanha as atividades na Índia, disse que os negociadores dos países desenvolvidos não querem se comprometer com metas concretas e os representantes de países em desenvolvimento informam que se não houver dinheiro eles terão dificuldades em cumprir os compromissos assumidos em Nagoya.
Apesar do impasse, observadores dizem que existe, nas salas e nos corredores da conferência, um movimento sobre o financiamento por meio de metas acordadas ou anúncios unilaterais. Há informações de que a França e outros países da União Europeia sinalizaram alguma disposição para esse orçamento, mas ainda não existem compromissos concretos e oficiais.
Os ministros do Meio Ambiente também terão que se debruçar sobre as negociações de áreas marinhas ecologicamente ou biologicamente significativas, que avançou pouco na primeira semana da conferência. A China, o Japão, o Peru, o México e a Argentina não querem reconhecer os relatórios que identificam as áreas importantes para a conservação em alto-mar. A falta desta validação vai comprometer a gestão destas áreas pelo órgão da Organização das Nações Unidas.
O governo brasileiro ainda tem enfrentado dificuldades ao negociar a Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação florestal (Redd+). O Brasil quer evitar a definição de salvaguardas de biodiversidade nos textos da COP e pressiona por uma clara separação entre a Convenção de Diversidade Biológica (CDB) e a Convenção Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC). Outras delegações, como a da Colômbia, não aceitam qualquer custo adicional para o monitoramento e a produção de relatórios no âmbito dos programas de Redd+. (Fonte: Carolina Gonçalves/ Agência Brasil)