Os policiais federais que se envolveram em um confronto com índios da etnia Munduruku, na divisa de Mato Grosso com o Pará, nesta quarta-feira (7), deixaram a aldeia Teles Pires, o local do conflito que terminou com um índio morto, outros dois feridos, além de mais quatro policiais que acabaram atingidos por flechas. Os policiais federais se deslocaram para a cidade de Alta Floresta, a 800 quilômetros de Cuiabá.
O conflito, segundo informou a PF, ocorreu no momento em que os policiais se preparavam para destruir uma balsa utilizada supostamente para a extração ilegal de ouro no Rio Teles Pires. A ação fazia parte da Operação Eldorado, que foi desencadeada em Mato Grosso e outros seis estados, mas, por conta do conflito, acabou suspensa por tempo indeterminado.
Nesta quinta-feira (8), um grupo de 17 índios se deslocou para prestar depoimento na Delegacia da Polícia Federal em Sinop, a 503 quilômetros de Cuiabá. Três delegados da PF passaram o dia colhendo depoimentos. Ainda não é possível afirmar se os indígenas, após os depoimentos, poderão retornar à aldeia.
Morte – O corpo do índio morto no conflito foi encontrado quase 24 horas depois de ter sido baleado nas águas do rio Teles Pires. A vítima foi encontrada pelos próprios indígenas. Ele seria pai de sete a oito filhos. Além dele, outros dois índios se feriram gravemente e acabaram sendo levados de helicóptero, primeiramente, para o Hospital Regional de Alta Floresta.
Nesta quinta-feira, os dois foram transferidos para o Pronto-Socorro de Cuiabá. De acordo com a assessoria de imprensa da unidade hospitalar, ambos estão em estado de observação e não correm risco de morrer. Os policiais federais feridos no conflito foram atendidos na própria aldeia e passam bem.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) classificou, por meio de nota, a ação policial como truculenta. Segundo o conselho, durante a presença dos agentes, a aldeia ficou sitiada. A nota salientou a disparidade entre o armamento usado pelos policiais com os dos indígenas que estariam com arco e flecha artesanais.
O Cimi destacou ainda que a aldeia não mantém atividade garimpeira em suas terras. A informação contrapõe a informação prestada pelo coordenador da Funai em Alta Floresta, Clóvis Nunes. Ele disse ao G1 que os índios recebem uma porcentagem dos lucros obtidos pelo garimpo instalado no rio Teles Pires. “Lá existe atividade garimpeira feita no leito do rio. Muitas dragas e balsas atuam na região e os índios recebem uma porcentagem dos lucros obtidos pelos garimpeiros”, destacou Nunes.
O Ministério Público Federal (MPF) solicitou informações sobre a operação à presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marta Maria do Amaral Azevedo, e ao superintendente da Polícia Federal, César Augusto Martinez. O comunicado do MPF pede que as informações contenham as medidas tomadas pelos órgãos para a mediação do conflito. (Fonte: Dhiego Maia/ G1)