O nascimento de dois filhotes de pinguim-de-magalhães surpreendeu funcionários do zoológico de Gramado, na Serra do Rio Grande do Sul. Esta é a primeira vez que ocorre um nascimento duplo deste exemplar em cativeiro no país – o normal é que apenas um sobreviva. Segundo o veterinário do parque, Renan Stadler, o fato é um importante passo na preservação da espécie, que realiza anualmente movimentos migratórios pela orla brasileira.
O casal de pinguins que se reproduziu no Gramadozoo é sobrevivente de um derramamento de óleo em Santa Catarina, em junho de 2009. Conforme Stadler, macho e fêmea trabalharam ininterruptamente em sistema de rodízio para chocar os dois ovos, que foram colocados em 19 de novembro. O primeiro filhote nasceu na madrugada do dia 26 e o segundo, em 29. “Os dois foram incansáveis e, apesar de serem pais de primeira viagem, fizeram tudo certinho. Tomaram todos os cuidados”, afirma. “O normal é sobreviver apenas um filhote, mas os dois estão crescendo saudáveis”.
De acordo com a técnica em veterinária Christina Capalbo, as aves foram mantidas em cativeiro porque não teriam condições de sobreviver em vida livre. O macho é cego de um olho e a fêmea apresentou problemas respiratórios. “Em vida livre, eles não resistiriam. O nascimento demonstra que os animais estão bem adaptados ao manejo”, conta ela, que reitera que a espécie pinguim-de-magalhães é considerada uma das mais ameaçadas de extinção no mundo.
Nativos de colônias distribuídas pela Argentina, Ilhas Falkland (Malvinas) e Chile, os pinguins-de-magalhães se deslocam para a costa brasileira durante o inverno. Eles vêm em busca de correntes de águas mais quentes e maior oferta de alimentos, podendo ser avistados normalmente na costa da Bahia, Alagoas e Pernambuco. No entanto, derramamentos de óleo e redes de pesca irregulares são riscos à vida da espécie em território nacional.
A incubação dos ovos da fêmea do pinguim leva de 38 a 42 dias. Os ninhos são feitos em tocas, nas quais pai e mãe cuidam dos filhotes. Como se reproduzem em colônias numerosas, os animais se localizam pelo “timbre de voz”. Cada pinguim tem uma vocalização diferente. Os filhotes saem do ninho com 70 dias e vão para o mar. (Fonte: G1)