Pequim vai divulgar novas regras sem precedentes sobre como a capital da China deve reagir à perigosa poluição do ar, informou a agência de notícias oficial do país Xinhua.
As regras vão formalizar medidas pontuais tomadas anteriormente, incluindo o fechamento de fábricas, corte na queima de carvão e a proibição de certas classes de veículos nas estradas nos dias em que a poluição atingir níveis inaceitáveis.
Nos últimos dias, uma névoa de poluição cobriu a maior parte da cidade, levando o governo a alertar a população para reduzir as atividades ao ar livre.
No sábado, o índice PM2.5, que mede partículas com um diâmetro de 2,5 micrômetros (PM2.5), atingiu níveis tão altos quanto 400 em algumas partes da cidade. Um nível acima de 300 é considerado perigoso, enquanto que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda um nível diário de não mais do que 20.
A leitura ainda foi menor do que na semana passada, quando atingiu 755. Essas partículas de diâmetro reduzido podem entrar nos pulmões e causar doença cardiopulmonar, câncer de pulmão e infecção respiratória aguda, de acordo com o Jornal de Toxicologia e Saúde Ambiental.
Segundo estudo da Universidade de Pequim e da organização não-governamental Greenpeace, partículas microscópicas de poluentes no ar mataram cerca de 8,6 mil pessoas em 2012 e causaram US$ 1 bilhão em prejuízos econômicos em quatro cidades chinesas.
As taxas de câncer de pulmão em Pequim também cresceram até 60% na última década, de acordo com uma reportagem do estatal “China Daily” em 2011, apesar da reduzida incidência do tabagismo.
Insatisfação Política – De acordo com analistas, as novas regras anunciadas por Pequim para reduzir a poluição na cidade visam evitar que a deterioração da qualidade do ar ameace tornar-se um ponto para uma maior insatisfação política entre a população.
A qualidade do ar em Pequim, que por muitos dias ficou abaixo de padrões mínimos internacionais, é uma preocupação crescente para a liderança da China porque intensifica o ressentimento popular com privilégios políticos e a crescente desigualdade na segunda maior economia mundial.
A mídia nacional divulgou histórias que descrevem os purificadores de ar caros de que funcionários do governo desfrutam em suas casas e escritórios, ao lado de relatos de fazendas orgânicas especiais para que esses funcionários não precisem correr o risco de sofrer com os recorrentes escândalos de segurança de alimentos.
A poluição também tem dissuadido os estrangeiros de viver e de trabalhar na cidade. Agora, parece que o governo adotou uma abordagem mais transparente para resolver o problema do que no passado.
Funcionários já tentaram mascarar a qualidade do ar da cidade, não incluindo leituras de PM2.5 em relatórios e referindo-se à poluição como “neblina” em relatórios meteorológicos. Um funcionário acusou a embaixada dos EUA em Pequim de se intrometer em assuntos internos da China ao publicar suas próprias leituras de PM2.5 online.
Mas, desta vez, a mídia estatal parece ter sido liberada para cobrir a poluição como um grande problema.
O vice-primeiro-ministro Li Keqiang, que deve assumir o cargo de primeiro-ministro em março, disse nesta semana que resolver o problema da poluição seria um processo de longo prazo.
Imagem compara poluição em Pequim em 2010 e em 12 de janeiro de 2013. Embora situação tenha melhorado desde a última semana, qualidade do ar ainda é preocupante na cidade. (Fonte: Globo natureza)