As autoridades russas decidiram cancelar neste domingo (17) as buscas por fragmentos do meteoro que caiu na sexta-feira e deixou mais de mil pessoas feridas. Equipes de mergulhadores estavam concentradas no lago Shebarkul, na região de Cheliabinsk.
Com uma temperatura de -17 graus Celsius, especialistas passaram um dia inteiro inspecionando o local. No entanto, o Ministério de Situações de Emergência decidiu se concentrar nas tarefas de reconstrução das regiões atingidas pelo meteoro.
“Os mergulhadores estiveram trabalhando lá, mas não encontramos nada”, disse o porta-voz do ministério, Vyacheslav Ladonkin. “Hoje as buscas não continuarão”, acrescentou.
Quando um corpo rochoso vem do espaço e entra na atmosfera, ele é inicialmente chamado pelos astrônomos de meteoro. Caso atinja o solo, em vez de se desfazer em atrito com a atmosfera, ele – ou seus fragmentos – passam a ser classificados de “meteorito”, conforme explica o astrônomo Cássio Barbosa, colunista do G1.
Maior em 100 anos – A agência espacial americana Nasa divulgou informações capturadas por uma rede de sensores que permitiu uma melhor avaliação do objeto que cruzou o céu da Rússia. Segundo a instituição, o tamanho do meteoro era de 17 metros e seu peso era de 10 mil toneladas antes de entrar na atmosfera terrestre. Quando se desintegrou no céu, às 0h20 (horário de Brasília) desta sexta-feira, devido ao atrito com o ar, foram liberados 500 kilotons de energia (ou seja, aproximadamente o equivalente à detonação de 500 toneladas de TNT), segundo as estimativas.
O primeiro registro da entrada do meteoro na atmosfera terrestre foi feito no Alasca, a mais de 6.500 km da região russa, onde houve os estragos.
Os sensores de infrassom indicam que, desde o momento da entrada do meteoro na atmosfera, até sua desintegração, se passaram 32,5 segundos.
“Poderíamos esperar que um evento dessa magnitude ocorresse a cada 100 anos, em média”, avalia o cientista Paul Chodas, da Nasa, que encabeça um programa da agência voltado para objetos espaciais próximos à Terra.
“Quando há uma bola de fogo desse tamanho, esperaríamos que um grande número de meteoritos chegasse ao solo e, nesse caso, provavelmente deve ter havido alguns grandes”, avalia, em nota. O meteoro é o maior de que se tem notícia a impactar nosso planeta desde 1908, quando outra rocha vinda do espaço caiu em Tunguska, na Sibéria, informa a Nasa.
A agência americana voltou a reforçar que não há relação entre o meteoro que caiu na Rússia e o asteroide 2012 DA14, que passou perto da terra na tarde de sexta-feira (pelo horário de Brasília).
De acordo com o ministro russo de Situações de Emergência, Vladimir Pushkov, uma equipe especial do governo foi enviada à região para avaliar a estabilidade sísmica dos edifícios. Ele comentou ainda que haverá cuidados ao religar o gás dessas edificações.
O governo de Cheliabinsk iniciou uma grande operação para consertar os estragos provocados pelo fenômeno. Cerca de 20 mil pessoas foram mobilizadas no país para participar da limpeza e também do atendimento aos feridos, que ainda neste sábado permaneciam sob observação médica.
Último dado divulgado pelo Ministério do Interior russo aponta que ao menos mil pessoas tiveram ferimentos devido aos estilhaços de vidro, que se quebraram com a aparição da bola de fogo no céu. Deste total, 200 seriam crianças.
Sistema de defesa – Agências de notícias afirmam que autoridades da Rússia defenderam a criação de um sistema conjunto de combate a asteroides. Alexei Pushkov, chefe do Comitê de Assuntos Exteriores do Parlamento russo, escreveu em sua conta no Twitter que “’em vez de lutar na Terra, as pessoas deveriam criar um sistema conjunto de defesa dos asteroides”.
A opinião é compartilhada pelo presidente russo, Vladimir Putin. Segundo a agência de notícias “France Presse”, o presidente convocou os Estados Unidos a se unir ao país e à China para criar um sistema de defesa contra asteroides.
Nesta semana, pela primeira vez um grupo de trabalho das Nações Unidas propôs um plano de coordenação internacional para detectar asteroides potencialmente perigosos e, em caso de risco para a Terra, preparar uma missão espacial com capacidade para desviar sua trajetória.
“O risco de que um asteroide se choque contra a Terra é extremamente pequeno, mas, em função do tamanho do asteroide e do local do impacto, as consequências podem ser catastróficas”, indica um relatório entregue esta semana aos estados-membros pelo Escritório da ONU para o Espaço Exterior (Unoosa, na sigla em inglês).
O relatório de 15 páginas foi elaborado por um grupo de trabalho criado em 2007, em Viena, na Áustria. Atualmente são conhecidos cerca de 20 mil asteroides próximos à Terra, dos quais aproximadamente 300 são potencialmente perigosos, explica o diretor do grupo de trabalho que redigiu o documento, o mexicano Sergio Camacho.
Até 2020, o analista prevê que serão detectados até meio milhão de asteroides próximos a nosso planeta, graças à melhora da tecnologia de localização. “São objetos que estão aí, mas não sabemos onde estão”, ressalta. (Fonte: G1)