O desmatamento decaiu no Brasil nos últimos anos, porém não há muitos motivos para comemorar: a legislação ambiental é pouco cumprida, as cidades continuam se expandindo sobre a mata nativa – contribuindo para tragédias como a que atingiu a região serrana do Rio de Janeiro nesta semana – e não há trabalho de prevenção no País. O alerta é feito pela diretora de Gestão do Conhecimento da Fundação SOS Mata Atlântica, Marcia Hirota. A ONG divulga anualmente, desde 1990, um atlas dos remanescentes florestais da mata atlântica que aponta os desflorestamentos verificados nesse bioma brasileiro.
O último estudo, com dados referentes aos anos de 2010 e 2011, mostrou que a mata atlântica é o bioma mais ameaçado do Brasil: restam apenas 7,9% de sua formação original – número que só tem caído a cada ano. O levantamento é realizado pela organização ambientalista SOS Mata Atlântica em conjunto com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Uma nova pesquisa, com dados referentes ao ano passado, será divulgada em maio, no Dia Nacional da Mata Atlântica. Nesta quinta-feira, é comemorado o Dia Mundial da Floresta.
A sociedade está mais consciente sobre a necessidade de preservação do meio ambiente, mas as ameaças ainda estão muito presentes, na avaliação da coordenadora do atlas. Ela destaca que as imagens de satélite que servem de base para a produção do estudo no Brasil são incapazes de identificar áreas desmatadas com menos de 3 hectares, frequentes nas grandes cidades. Assim, o chamado “efeito-formiga” – quando a expansão territorial avança sobre florestas nativas gradativamente – não é detectado.
“As histórias do Brasil e da mata atlântica se confundem; mas hoje, com as cidades (se expandindo), vemos que pressão sobre a floresta ainda continua”, afirma Marcia. “Nossa luta é para que o poder público cumpra seu papel de fiscalizar e a sociedade se envolva, denuncie, alerte”, pede ela.
Apesar dos esforços de organizações ambientais, o patrimônio florestal brasileira continua desaparecendo. “Estamos contabilizando perdas; não há trabalho preventivo no Brasil – assim como não há prevenção de áreas de risco”, disse Marcia Hirota. Ela reforça ainda, que as leis ambientais existem não são só para proteger florestas e a biodiversidade, mas principalmente para garantir a segurança das pessoas. “É importante que a sociedade participe da preservação, para que tenhamos esse patrimônio na nossa geração e naquelas que virão.” (Fonte: Terra)