O primeiro centro de meteorologia espacial europeu foi inaugurado nesta quarta-feira (3) em Bruxelas com a finalidade de tentar evitar que as tempestades solares queimem satélites e ameacem astronautas, aviões comerciais e inclusive linhas elétricas terrestres.
Financiado por 14 países membros da Agência Espacial Europeia (ESA), o centro europeu de coordenação de meteorologia espacial estará totalmente operacional em 2020. Para conseguir avisar o quanto antes o início destas tempestades solares, o centro usará observações de dezenas de universidades, institutos de pesquisa e empresas privadas.
Estas erupções solares são impossíveis de prever e podem acontecer a qualquer momento, particularmente quando há picos de atividade solar, como a iniciada no ano passado. Na pior das hipóteses, um fenômeno assim poderia afetar a Terra, interrompendo os transportes aéreos ou as linhas telefônicas.
Quanto antes se detectar a erupção, mais eficazes serão as medidas de prevenção, afirmam os especialistas da ESA que projetaram este centro de vigilância. “Um piloto sempre tem a possibilidade de aterrissar porque tem alternativas (que não os satélites) para navegar, mas se a perturbação aparecer sem aviso, em um mau momento, pode chegar a ser perigoso”, explicou Juha-Pekka Luntama, encarregado da meteorologia na ESA.
Uma anomalia de satélite pode provocar distorções. Assim, a aeronave pode receber uma informação de seu ponto de localização deslocado uma centena de metros do local onde realmente está, o que é suficiente para errar sua aproximação da pista de aterrissagem.
A atmosfera e a magnetosfera protegem os habitantes da Terra de partículas projetadas pelo sol, mas isto não acontece no espaço, particularmente quando se trata de satélites que se movimentam a grande altitude, como os de telecomunicações geoestacionários (36.000 km) ou de navegação (como os do sistema americano GPS ou do futuro sistema europeu Galileu), que são mais vulneráveis.
Previsão contra danos – As erupções de baixa intensidade não têm efeitos importantes. No máximo, provocam uma bela aurora boreal e leves problemas de recepção de rádio ou nos sistemas de navegação dos automóveis.
Um furacão solar, ao contrário, como o que afetou em 1859 a rede mundial de telégrafos, eletrocutou alguns operadores e incendiou escritórios dos correios, pode ter maiores consequências na nossa época, que conta com muitos mais sistemas de comunicação na ocasião.
Segundo a ESA, uma ejeção de massa coronal que projete partículas (prótons, elétrons, núcleos de hélio) a uma velocidade de mais de 2.000 km/seg poderia destruir entre 50 e 100 satélites, ou seja, aproximadamente 10% dos que atualmente estão em órbita. “No pior dos casos, seria possível danificar os transformadores e será preciso semanas ou talvez meses para substitui-los”, afirmou Luntama.
Ao contrário, se a erupção for detectada a tempo, é possível desativar os satélites, reduzir a potência das redes elétricas, desviar os aviões ou impedir que decolem. Os ocupantes da Estação Espacial Internacional (ISS) poderão se refugiar em módulos blindados especiais. (Fonte: G1)