Organização denuncia irregularidades em projeto de estrada na Amazônia

O projeto de construção de uma estrada na Amazônia peruana, debatido atualmente pelo Congresso do Peru, “não cumpre a lei” e está repleto de “conflitos de interesses”, denunciou nesta quarta-feira a organização Global Witness.

Em um documento apresentado em Londres, a organização evidencia a existência de supostos “interesses” em torno do plano de construção, que ameaçaria grupos isolados e o meio ambiente sob pretexto de desenvolvimento econômico.

A Global Witness refere-se a um projeto de lei, estudado pelo Congresso peruano sobre a construção de uma estrada de 270 quilômetros entre Puerto Esperanza e Iñapari, na floresta amazônica.

O relatório lembra que a floresta virgem abriga os mais ricos pés de mogno que resta no Peru e a alguns dos poucos grupos indígenas que ainda vivem em isolamento voluntário.

A Global Witness alertou que, se esse projeto de lei for aprovado, a nova estrada terá um impacto devastador sobre o meio ambiente e sobre as comunidades indígenas da região.

Além disso, considerou que vai infringir a legislação em relação às áreas protegidas, o direito à consulta dos povos indígenas e a proteção dos grupos indígenas não contatados.

Segundo Billy Kyte, da Global Witness, apesar de ser crucial fazer “chegar à região de Purus o capital necessário para melhorar os serviços públicos, há grandes dúvidas sobre quem realmente se beneficiaria com este projeto”.

Kyte considerou que “as enormes perdas sociais e ambientais consequentes da nova estrada não foram avaliadas devidamente e, portanto, o Congresso deveria rejeitar o projeto de lei”.

A Global Witness informou que, como a estrada dá acesso a matérias-primas como madeira e ouro, autoridades locais fizeram um contrato ilegal com a empresa Agro Industrial SAC que lhes deu os direitos de desmatamento ao longo da estrada em troca da sua construção.

“Algumas das pessoas que defendem mais abertamente este projeto estão vinculadas com interesses nos setores da madeira e do ouro, duas matérias-primas que sem dúvida serão extraídas desta região pela nova estrada”, denunciou Kyte. (Fonte: Terra)