Emma Sherratt, zoóloga da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, descobriu uma nova espécie de anfíbio durante suas pesquisas na Guiana Francesa, entre 1995 e 1998. É a primeira vez, em 150 anos, que esse animal da ordem Gymnophiona é encontrado naquele país, registra o artigo publicado só agora na Plos One.
Mesmo tendo um corpo alongado e liso como o das serpentes ou dos vermes, a Microcaecilia dermatophaga não passa de um anfíbio sem patas da mesma família das cobras-cegas – ou seja, parentes de sapos e rãs, e não dos répteis. Na mesma ordem estão os seis exemplares do anfíbio Atretochoana eiselti, que foram encontrados perto de obras de uma hidrelétrica no Rio Madeira, na região da capital de Rondônia, no ano passado.
Mas o incomum da Microcaecilia dermatophaga não recai apenas no formato da espécie, mas também nos hábitos alimentares: a mãe deixa os filhotes comerem a sua pele. O nome científico dermatophaga faz uma homenagem à dieta da prole ao juntar dois termos em grego que significam pele e comida.
A pesquisadora só descobriu esse fato quando recolheu algumas espécimes em 2010, a 40 quilômetros de São Lourenço do Maroni, e as levou para o laboratório. Emma viu os filhotes se moverem rapidamente para a região central da mãe, onde começaram a remover pedaços de pele e a ingeri-los depois.
Uma análise posterior indicou perda de peso da fêmea adulta em um índice parecido com o aumento medido nos bebês. As mães produzem uma camada extra de pele rica em gordura enquanto esperam os ovos eclodirem, mostrando ser um passo importante para o crescimento dos recém-nascidos. (Fonte: UOL)