Conservacionistas que buscam preservar o tigre de Amur, ou tigre-siberiano – o maior felino do mundo – estão soltando veados nas montanhas do nordeste da China para servirem de alimentos para o tigre.
Centenas desses animais, cujo nome científico é Panthera tigris altaica, já habitaram as florestas de carvalho da Manchúria. Hoje, apenas cerca de 20 sobrevivem no ambiente selvagem.
Historicamente, o povo dessa região ao mesmo tempo reverencia e caça os tigres. No passado, a China abrigava diversas subespécies de tigres, mas atualmente o legado permanece apenas no folclore.
Ambientalistas citam o aumento dos assentamentos humanos, a exploração da madeira e a caça ilegal tanto dos tigres – para uso na medicina chinesa – quanto de suas presas, como causas da dramática queda da população desses animais.
“O número de presas é muito pequeno em comparação com outros países”, diz Rohit Singh, da organização global Iniciativa Tigres Vivos, da WWF.
A WWF tem um projeto para aumentar o número de veados na reserva natural Jilin Wangqing em um esforço para dar aos tigres, e também aos leopardos de Amur, uma chance de sobreviver e se multiplicar.
Em 2012, 37 veados foram soltos na área. No mês passado, um número parecido foi liberado no local, para servirem de alimentos para o tigre.
Apetite insaciável – O diretor da base de Vladivostok da Sociedade de Conservação da Vida Selvagem (WCS, na sigla em inglês), Dale Miquelle, diz que um tigre precisa matar cerca de 50 veados por ano para sobreviver. Seria necessário ter uma população de presas cerca de 10 vezes maior do que isso para resolver o problema.
“Em última instância, o projeto vai ser certificar-se que as presas sejam protegidas da caça ilegal e que elas tenham área para expandir sua população e que seu habitat não seja destruído por outras atividades”, diz Miquelle.
A reserva Wangqing é parte de um corredor que liga a população dos tigres de Amur da China com a da Rússia, a menos de 100 quilômetros de distância. O corredor é ‘muito importante para tigres’, diz Tang Lijun, diretor do escritório de administração da reserva, acrescentando que ações têm reduzido o corte de árvores na área para ajudar a preservar a espécie.
As medidas incluem o estímulo a esquemas alternativos de renda para trabalhadores da floresta, como a pesca, o cultivo de fungos e outros empreendimentos agrícolas.
Estimativas apontam que o número de tigres selvagens está entre 2.700 e 3.200, de acordo com Joseph Vattakaven, da WWF. Há um século, esse número era estimado em 100 mil. (Fonte: Globo Natureza)