Estudo em macacos descobre como ilusão de ótica se forma no cérebro

Se você já viu algumas figuras se mexendo ou aumentando de tamanho só de encarar o desenho, você acabou de experimentar uma ilusão de ótica, uma peça pregada pelo cérebro por “criar” formas com os contornos da mesma imagem. Explicar essa “pegadinha” foi o objetivo de um grupo de cientistas da Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos.

Destaque da revista da Academia de Ciências dos Estados Unidos, a PNAS, o estudo feito em macacos identificou um grupo de neurônios localizados no córtex visual que se tornam mais ativos quando os animais veem uma imagem que gera ilusão de ótica. O córtex visual é responsável pelo processamento de informações visuais para mamíferos.

Cientistas costumam dividir essa área do cérebro em cinco regiões, usando uma nomenclatura que abrange de V1 a V5. Os sinais visuais chegam dos olhos pela área V1, que detecta suas orientação, cor e disposição espacial. Daí, essa informação é dividida em duas vias, direcionadas à área V2, que faz correções as necessárias e as repassa para a V3.

A primeira dessas vias é chamada de caminho do “aonde” e se conecta à V5 para detectar movimento e localização de objetos. A segunda via foi apelidada de caminho do “o quê” e se conecta à área V4 para reconhecer o desenho de objetos – a suspeita dos pesquisadores era que as ilusões se forma nesse ponto.

Alucinação sem drogas – Para confirmar isso, os pesquisadores treinaram macacos para que observassem uma imagem chamada Quadrado de Kanisza, composta por quatro círculos com 1/4 da parte faltando, dando a impressão de desenhar um quadrado no centro da figura.

Ao medir a atividade cerebral dos macacos enquanto viam a imagem, os cientistas confirmaram que os neurônios ligados à área V4 eram ativados quando o quadrado parecia formado.

Ao trocar os círculos de posição, girando a parte ausente para o lado de fora, o suposto quadrado deixa de existir e a atividade neuronal dos símios diminui, provando a ligação entre a região V4 e as ilusões de ótica.

“É um efeito semelhante à alucinação, mas sem uso de drogas para provocá-la”, define o cientista Alexander Maier, que participou do estudo.

“Basicamente, o cérebro está atuando como um detetive, respondendo a pistas localizadas na imagem e fazendo sua melhor dedução de como elas se encaixam. Porém, ele chega a uma conclusão incorreta no caso das ilusões mostradas aos macacos.”

O estudo informa ainda que não são apenas macacos e humanos que veem ilusões de ótica. Outros animais, como gatos, corujas, abelhas e até peixinhos dourados também o fazem. Cientistas acreditam que esse mecanismo tenha razões evolutivas, ao ajudar os animais a identificarem predadores e presas. (Fonte: UOL)