Uma vila dos hobbits ganhará vida nas florestas viçosas de uma ilha sueca, um cenário extravagante considerado o primeiro do tipo que, por trás dos ares de fantasia, preserva um interesse genuíno pelo desenvolvimento sustentável.
Os hobbits, os pequenos personagens com pés peludos de “O Senhor dos Anéis”, criados pelo autor do clássico da literatura fantástica J. R. R. Tolkien, são um modelo de convivência em harmonia com o meio ambiente, explicou o arquiteto britânico responsável pela casa dos hobbits Simon Dale.
“Os hobbits retratam pessoas que vivem uma vida pacífica, em harmonia com a natureza”, declarou à AFP Dale, de 35 anos, em visita recente a Estocolmo.
Ele estava na capital sueca para planejar um conjunto de 30 casas em Muskoe, ilha situada a 40 km do centro da cidade, enquanto uma multidão se dirigia para o pitoresco arquipélago de Estocolmo.
A primeira casa de hobbits da ilha deve ficar pronta em meados de 2014 e a cidade completa em alguns anos.
À primeira vista, as choupanas lembram a residência de Bilbo Baggins no condado retratado no romance “O Hobbit”, publicado por Tolkien em 1937.
“Num buraco no chão vivia um hobbit”, assim começa o livro de Tolkien. “A toca tinha uma porta perfeitamente redonda como uma portinhola, pintada de verde, com uma maçaneta de latão bem no centro”, prossegue.
No idílico cenário agrário de Tolkien, os hobbits viviam em sintonia com a natureza, em total contraste com a época em que o autor viveu, de uma industrialização madura.
A cidade dos hobbits sueca vai manter a noção de materiais naturais e formas suaves e arredondadas em janelas, portas e paredes, que serão todas curvas.
No entanto, as casas serão sutilmente modernizadas, construídas para os modernos moradores de cidades com desejo de buscar refúgio na natureza em fins de semana e feriados.
Um fogão de indução ao lado de um outro à lenha será o objeto mais integrado de alta tecnologia da casa, explicou Dale, cujo projeto promete criar um ambiente arejado com pé direito de até 3,5 metros de altura.
A eficiência energética será um objetivo principal e o aquecimento virá da energia solar e da queima de madeira.
Também serão usados materiais de construção naturais, extraídos na região, como madeira, pedras, areia, argila e grama.
O próprio Dale viveu em uma casa hobbit na década passada com esposa e dois filhos.
A família agora mora na comunidade de Lammas, em Gales ocidental, a primeira ecovila de baixo impacto do tipo. Construir as casas de terra se tornou uma baixão, disse Dale, originalmente um fotógrafo.
A cidade não tem como público alvo os fãs da obra “O Senhor dos Anéis”, de Tolkien, mas visa a apelar às pessoas sensíveis ao tema ambiental e que queiram viver perto da natureza.
“É uma transição no estilo de vida e nos valores”, disse Dale, que lembra vagamente Bilbo, interpretado por Martin Freeman no novo filme da trilogia “O Hobbit”.
‘Tocas de Hobbit’ e Fazenda dos Sonhos – A Suécia, assim como outros países que assumem a liderança no desenvolvimento sustentável, tem visto nos últimos anos um florescimento de projetos de renovação urbana em harmonia com o meio ambiente.
Mas Dale observou uma diferença-chave entre aqueles projetos e o seu.
“Eles visam a maximizar a eficiência no consumo de recursos, enquanto nós visamos a minimizar o consumo de recursos”, afirmou, acrescentando que sustentabilidade não exige novos e sofisticados equipamentos, mas pode, ao contrário, ser alcançada vivendo de forma mais simples.
Ele explicou que Muskoe é o local perfeito para o seu projeto.
Sede de uma base naval desativada nove anos atrás, a ilha tem uma floresta natural e uma paisagem rural, sendo convenientemente equipada com uma infraestrutura bem desenvolvida, incluindo um armazém, um restaurante, uma farmácia, transporte público e um túnel de três quilômetros que a liga ao continente.
A ilha também sedia um projeto ecológico denominado Droemgaarden ou Fazenda dos Sonhos, onde se constrói uma comunidade ambientalmente sustentável que convidou Dale para colaborar.
Além de suas “tocas de hobbit”, a cidade terá 350 casas ambientalmente sustentáveis.
Os fazendeiros e moradores locais estão intrigados em ver o antigo território agrícola ser trazido de volta à vida de forma tão original.
No entanto, até o momento o projeto inteiro permanece no reino da fantasia, aguardando liberação burocrática.
“Cabe à prefeitura nos dar a luz verde, mas estamos otimistas”, afirmou a organizadora do projeto, Marie Eriksson. (Fonte: UOL)